A entrevista coletiva convocada pela assessoria de imprensa do prefeito Vagner Sales em sua residência contém elementos que configuram em inconsistências em sua defesa, além de constrangimento e uma declaração velada de que uma parte da imprensa de Cruzeiro do Sul é comprada.
Mentira 1
Na coletiva, Vagner Sales confirma que daria uma ‘ajuda’ de 5 mil reais ao candidato da chapa adversária, mas nega ter efetuado a transação: ‘-Eu quero dizer que eu, não dei um centavo para este cidadão’.
No dia anterior, a mesma assessoria de imprensa convocou uma coletiva ‘com o procurador do município, Jonathan Donadoni’. Contudo, na ocasião da entrevista, o pretenso ‘procurador’ afirma: ‘estou aqui não como procurador do município e nem como advogado dos acusados, mas na qualidade de presidente do PMDB’.
Na coletiva, Donadoni dá uma versão diferente, e afirma que a origem do dinheiro dado como ‘ajuda’ seria do próprio Vagner Sales. ‘-seria particular, do Vagner’.
O que procurador e prefeito escondem é que a ‘ajuda’ em tempos eleitorais caracteriza compra de voto.
No despacho da juíza de direito Adamárcia Machado, a mesma afirma que Mario Neto e Edson de Paula teriam dito EM GRAVAÇÔES, possuírem 200 mil reais para negociações ilícitas no pleito.
A juíza determina inclusive a investigação da origem do valor, apontando para a possibilidade de lavagem de dinheiro.
Vale lembrar que a prefeitura de Cruzeiro do Sul passa por dificuldades financeiras para honrar a folha de pagamento do funcionalismo municipal. Funcionários provisórios estão há três meses sem receber, permanentes estão tendo descontos em folha sem que o valor do convênio seja repassado a quem de direito e acumulasse uma dívida com a previdência social que tem mordido mais de 70% da receita do FPM.
Mentira 2
A segunda mentira facilmente perceptível, é quanto ao local das negociações. Na coletiva, Vagner afirma que teria ocorrido em sua casa e que Ilderlei teria entrado ‘por coincidência’.
Clebisson, na sua coletiva, afirma reiteradas vezes que teria sido levado de carro até a secretaria de assistência social, onde ocorreram as negociações.
O candidato tucano também afirma que Ilderlei teria sido chamado na secretaria, e não entrado ‘por coincidência’, como disse Vagner na coletiva.
É preciso uma dose cavalar de boa vontade para acreditar na versão de Vagner: ofereceu uma ajuda caridosa e desinteressada em período eleitoral, a providencial entrada em cena do candidato Ilderlei Cordeiro e os cinco mil reais que ele havia prometido horas antes surgem por geração espontânea na meia ou cueca do candidato que ele queria comprar. Amém?
A Naturalização da Corrupção e a Imprensa comprada
Muito à vontade em sua própria casa, Vagner desfia o ABC do coronelismo. Seu discurso basicamente é o de naturalização da corrupção. Para Vagner ‘é natural’ oferecer ajuda financeira em período eleitoral ao um candidato da chapa adversária.
De maneira ‘muito natural’ também, Vagner apenas lembrou, aos jornalistas presentes na sala, que ele também ofereceu ajuda financeira a muitos deles.
Com o seu usual autoritarismo, levanta a voz para dizer que nomeia quem quiser para o cargo de secretário de meio ambiente. E de maneira jocosa, oferece o cargo a um dos jornalistas.
Ao fundo, é possível ouvir as risadas de alguns jornalistas.

