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Artigo: Breve avaliação do debate

Foto: Juruá On Line

Por Leandro Altheman

Breve mesmo, porque o assunto já foi tão debatido nas redes sociais que não sobra muito o que escrever a respeito.

E se levarmos as redes sociais em consideração é praticamente consensual que o candidato continuísta, Ilderlei Cordeiro, não apresentou conteúdo diante das câmeras. Quem o apoia, o faz por outras razões.

Além dos recorrentes erros de português, o candidato apresenta muita dificuldade de concluir um raciocínio. Falhas que seriam aceitáveis em políticos de uma geração anterior, mas que são estranhas de se observar em um candidato com apenas 39 anos de idade. As pessoas dessa geração tiveram mais oportunidades de estudo. Mas é preciso reconhecer que mesmo com seu português ruim e seu raciocínio sofrível, Ilderlei pareceu bastante à vontade na frente das câmeras para repetir o seu texto pronto. ‘Carla não é daqui, não conhece a realidade’. ‘Não sou o Vagner’. A confiança do candidato do PMDB repousa na ideia que o eleitor pouco exigente ainda seja a maioria em Cruzeiro do Sul.

Ilderlei continua sem compreender as diferenças entre os âmbitos público e privado. Acredita que ter dirigido ônibus o capacita para lidar com a questão da mobilidade urbana. Acha que por que tem uma granja, saberá lidar com as questões agrícolas do munícipio. Isso traz mais preocupação do que o português ruim do candidato.

Esperava bem mais de Henrique Afonso. Quem o acompanhou em outras campanhas sabe da capacidade de debate do candidato. Ele continua muito bom, bem articulado, cheio de conteúdo e conhecimento. Mas findou o debate parecendo que não rendeu tudo que podia. Primeiro, acredito, que pelo fato de sua campanha ter sofrido um desmonte por parte do PMDB, isso deve ter também o debilitado ao longo da campanha. Segundo, porque aparentemente a condução do debate permitiu que mais de duas perguntas fossem feitas ao mesmo candidato sequencialmente o que resultou em uma polarização entre Carla e Ilderlei. A sensação de que Henrique foi isolado em um debate polarizado entre Carla e Ilderlei também foi praticamente um consenso nas redes sociais.

Carla trouxe ao debate sobretudo a coragem. Coragem de enfrentar um modelo, o que por si já representa uma mudança. Carla conseguiu pontuar muito bem os aspectos de seu plano de governo. Além de deixar clara a rejeição ao modelo coronelista e suas consequências para a cidade.

A desafiante Carla Brito demonstrou conhecer o funcionamento de uma gestão pública: ouvir as necessidades, direcionar o orçamento e executar com responsabilidade, algo impossível  para quem não compreende a diferença entre o público e o privado. Carla propõe uma inversão na maneira de se enxergar a política: o político como servidor público e não um ungido que terá a cidade aos seus pés. Uma ideia inovadora às vezes leva tempo a ser assimilada.

Suspeitíssimo sou eu para apontar ‘vencedor’ no debate. Em linhas gerais, acho que Ilderlei foi menos ruim do que o desastre que se esperava, mas serviu apenas para reafirmar o seu voto. Ninguém em sã consciência iria sair do debate achando que ele é o mais preparado.

Vejo que Henrique não saiu tão bem quanto apostavam seus apoiadores. No seu campo, havia a expectativa de que faria um debate arrasador que definiria a eleição. Mas pelas razões já apresentadas, isso não ocorreu.

Carla deve ser a maior beneficiada pelo debate. Só tem a ganhar. É a candidata menos conhecida o que significa que para muitos eleitores foi a primeira vez que a viu. E tenho certeza que esses eleitores, não se decepcionaram.

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