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terça-feira, abril 23, 2024

Artigo ‘Esta não é uma guerra entre azuis e vermelhos e sim entre os mortos e os vivos’

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Mais um artigo da coluna Embiaras

por Leandro Altheman

E estamos de volta com a coluna Embiaras, que para quem não sabe ainda, significa ‘caça pequena’. Inicialmente chamei de ‘embiara’ aos assuntos políticos, por acreditar que a política, em si, é algo ‘miúdo’. Não é. Mas torna-se quando é ocupado por figuras miúdas e debatido por figuras mais miúdas ainda.

Vagner Sales, que quer usar o portentoso título de ‘Leão do Juruá’, é na verdade apenas um micróbio agigantado pela miudeza daqueles que o cercam.

O conto africano ‘Kiriku e a feiticeira’ fala de uma grande seca que atingiu a aldeia causada por um ser minúsculo que entrou no poço e agigantou-se lá dentro, impedindo que os habitantes usassem a fonte. Vagner é o inseto que cresceu no poço da política, e que mata Cruzeiro do Sul de sede, drenando todos os recursos para si, sua família, seu partido, sua fazenda, seus açudes.

A seca só termina quando o pequeno Kiriku, consegue entrar no poço e matar o inseto agigantado.

Vagner é essa embiara agigantada, cercada de embiaras ainda mais insignificantes.

Neste fim de semana, algumas dessas embiaras me atacaram nas redes sociais, mas como eu estava ocupado montando a minha Start Up, não tive tempo de lhes responder.

Então vamos lá.

A primeira embiara foi o colunista que atribui o tom visceral de meus textos ao ‘ódio pessoal’. Como se a rejeição a um modelo de política calcado no ‘preço’ que cada um vale, pudesse ser reduzido a uma questão pessoal. Só lembrando. Vagner é aquele que em um programa de TV ao Vivo oferece bois para comprar quem discorda de sua política. Que constrange a imprensa abertamente em uma coletiva ao dizer que ‘já ajudou’ muitos jornalistas. Que compra vereadores da coligação contrária como quem compra um boi ‘puxador de voto’.

A você, que ainda me dá o ‘conselho’ de que eu pare de dizer a verdade, porque afinal um dia ele podem ‘me estender a mão’, gostaria de lhe retribuir com a poesia de Augusto dos Anjos.

Vês! Ninguém assistiu ao formidável

Enterro de tua última quimera.

Somente a Ingratidão – esta pantera –

Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!

O Homem, que, nesta terra miserável,

Mora, entre feras, sente inevitável

Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!

O beijo, amigo, é a véspera do escarro,

A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,

Apedreja essa mão vil que te afaga,

Escarra nessa boca que te beija!

Se estiver difícil para entender, colega, vou simplificar: se tiver que se vender, tente ao menos não ser tão barato: apedreja essa mão que te afaga!

A segunda embiara foi o sujeito que se fantasiou de Vagner Sales, como forma de homenagem ao chefe da sua quadrilha. Tá certo ele. Se atuasse no Cartel de Medellin também homenagearia Pablo Escobar.

Diz ele que minhas palavras parecem uma ‘doze atirando’. Agradeço ao elogio, mas temo que o calibre não seja suficiente para dar conta do exército de mortos vivos que tomou a cidade.

Um engano comum de meus detratores é acreditar que minhas palavras estejam condicionadas: a) a uma perspectiva de vitória eleitoral da candidata que eu apoio; b) dinheiro.

Meu voto sem dúvida é Carla. Representa a oportunidade de Cruzeiro do Sul se reencontrar com seu destino: uma cidade referência na Amazônia. Representa a possibilidade de que cada um de nós fará parte dessa cidade e desse futuro e não apenas quem eles querem que seja.

Desejo muito que a população enxergue essa oportunidade e agarre com duas mãos.

Mas seria muito rico estar no papel de jornalista de oposição durante uma eventual prefeitura de Ilderlei Cordeiro: aquele que não deu certo como vice-prefeito, que foi um deputado federal medíocre e um empresário pior ainda. Aqueles que TODOS, inclusive a cúpula do PMDB, sabem que em caso de vitória terão de lidar com alguém irresponsável e imprevisível. Não é de confiança e figuras próximas já fazem o bolão de apostas do tempo que levará para que o mesmo venha a romper com Vagner. Quatro meses, seis meses, um ano. Façam suas apostas.

Portanto, essa ideia de ‘balsa’, não me ameaça. O medo da derrota veste bem aos pusilânimes que como você, cercam o coronel. Não a mim e nem a minha candidata, a desafiadora Carla Brito. Se a justiça em primeira instância for mais uma vez fiel à tradição de Sucupira e honrar os cargos, favores e churrascos feitos em prol das oligarquias de nossa cidade e permitir que o prefeito ficha suja passe a faixa para seu pupilo, vencedor em uma eleição comprada; uma eventual administração de Ilderlei fornecerá um enredo perfeito para um jornalista como eu. Terá todos os elementos: da comédia ao terror. Já tenho até a manchete: Apertem os cintos, o Ilderlei assumiu. E por isso que digo: nem tudo na vida é dinheiro. Diversão também conta. E prometo que vamos nos divertir muito, amiguinhos.

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’15 pra todo lado’. Mesmo sendo o pior dos três candidatos, Ilderlei conta sobretudo com a inércia e a falta de visão crítica de boa parte do eleitorado cruzeirense.

Mas se tem algo frustrante em relação à política cruzeirense, é que ela se parece muito pouco com Game of Trones. Tem muito mais de ‘Walking Dead’. Nada de Cersei e tramas complicadas. São apenas mortos vivos repetindo ‘quinze pra todo lado’. Como todo zumbi, não tem cérebro e atacam quem tem. A possibilidade de os zumbis vencerem é enorme. Se não fosse assim, não seria um bom filme de terror.

Ou poderíamos comparar com Game of Trones, mas somente para lá da muralha, onde predominam zumbis sem nenhuma vontade própria atendendo ao seu comandante. Parafraseando Jonh Snow, esta não é uma guerra entre azuis e vermelhos e sim entre os mortos e os vivos.

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