Representantes de sete aldeias do povo yawanawá participaram da abertura do XV Festival Yawa nesta terça-feira.
por Leandro Altheman – Da Aldeia Nova Esperança, T.I. Yawanawá do rio Gregório

O som da buzina clama a todos para se concentrarem na Arena da Esperança – um espaço construído especialmente para as celebrações culturais.
Jovens e velhos, adultos e crianças, homens e mulheres. Todos se arrumam com seus cocares, adornos emplumados e as pinturas corporais, os kenê – desenhos tradicionais que representam diferentes aspectos da natureza.

Depois de prontos, o cacique Nixiwaká traz o povo em uma marcha que lembra uma dança antiga.
Com os pés no chão, o povo Yawanawá vem despertando o terreiro para mais um festival.

Há lanças e brados, mas eles são de paz. Guerreiros dispostos a lutar para manter viva a sua essência.

Da margem do barranco, paisagem conhecida do rio Gregório, eles marcham uma vez mais, agora, em direção ao centro do terreiro.
A marcha agora serpenteia pelo terreiro, tornado cada vez mais vivas as presenças da floresta.

Ao centro, homens e mulheres do muká – aqueles que estão no caminho para se tornarem lideranças espirituais – acendem o Sepá – a resina de uma árvore conhecida entre os brancos como breuzinho.

Sepá Ini Puai – o perfume suave do sepá inunda o terreiro e com ele, as palavras de bendições.
Traduzidas para a linguagem do branco, as palavras trazem o acolhimento aos visitantes.
Além de representantes das aldeias Mutum, Tibúrcio, Escondido, Yawarani, Amparo e Matrinxã, o festival deste ano trouxe visitantes de outros estados e de outros países. Chile, Peru, Venezuela, Espanha, Holanda, EUA. Não existe distância para quem busca vivenciar uma experiência única: uma semana imersão na cultura Yawanawá.
“Aqui somos todos uma família. Somos primos, tios, sobrinhos, pais, mães e avós. Assim cuidamos um dos outros. E se vocês estão aqui com a gente, então também fazem parte desta grande família Yawanawá”, diz o cacique Nixiwaká.
“O festival desse ano escolheu homenagear o cacique. Ele foi contra, mas nós decidimos por unanimidade”, disse Ikun Kuá, filho do cacique.
Nixiwaká saiu jovem da aldeia, morou muitos anos na cidade, mas quando percebeu que faltava algo, voltou para sua casa. Adentrou no mundo dos pajés, fez o juramento sagrado do Muká, e tem buscado, cada vez mais, se dedicar à organização do povo Yawanawá. São os frutos dessa organização, e da união das aldeias, que os Yawanawá celebram neste festival.

