Terreno montanhoso, condições meteorológicas adversas associadas a uma pane elétrica relatada pelo piloto podem ter sido fatores os combinados que determinaram a trágica queda do avião que vitimou 76 pessoas da delegação do Chapecoense Futebol Clube que se aproximava do aeroporto do Medellín na Colômbia.
A hipótese de falta de combustível, levantada inicialmente pelo jornal Colombiano ‘El Tiempo’.
O jornal “El Tiempo” chamou atenção para a ausência de explosões ou de incêndio após a queda do avião, fator que poderia indicar falta de combustível na aeronave. A hipótese de “pane seca” também foi levantada pelo presidente da Associação de Aviadores Civis da Colômbia, Jaime Alberto Sierra, em entrevista à TV colombiana “Caracol”.
Sierra citou a informação de que o piloto da aeronave que levava os jogadores da Chapecoense havia pedido prioridade para aterrissar no aeroporto de Medellín, mas outro avião ganhou a preferência justamente por estar com pouco combustível. Segundo o jornal “El Tiempo”, a tripulação do Avro RJ85 chegou a avisar à torre de controle que precisava pousar com urgência, também por falta de combustível, mas demorou a fazer tal pedido.
O consultor ouvido pelo G1, contudo, descartou essa hipótese“Eles não teriam autorizado o plano de voo desse avião se ele não cumprisse os requisitos legais de autonomia do avião, que seria combustível para ir até o destino, mais combustível para chegar à alternativa e mais 30 minutos de voo, no mínimo”, explica Carlos Camacho, consultor em acidentes aéreos.
Carlos acredita que o piloto não teve tempo de tomar qualquer atitude para salvar a tripulação quando percebeu que o avião iria colidir. “Pelo que a gente já coletou de dados, está tudo muito próximo de que tenha sido realmente um voo em direção ao terreno não controlado, ou seja, com perda de consciência situacional do piloto, de desorientação espacial e que em um dado momento quando ele viu já estava praticamente colidindo, não dava mais tempo de tomar mais nenhum tipo de atitude, exceto aguardar a colisão e restou no que restou: um acidente em que o avião subdividiu em três partes.”
Outro especialista ouvido pelo G1, Gustavo Cunha Mello analisa o que poderia ter levado à queda do avião com a delegação da Chapecoense.
“Como todo e qualquer acidente, não posso atribuir a uma única causa. Todo acidente tem um conjunto de fatores contribuintes. Tem que se verificar, por exemplo, o terreno montanhoso ali, exigindo manobras complicadas e muitas curvas do avião para aproximação com a pista de Medellín. Isso é um fator que complica, sobretudo com avião em pane. Meteorologia complicada também, obrigando o piloto a desviar de formações de cúmulos nimbos, de formações pesadas de chuva. A própria pane relata pelo piloto, uma pane elétrica.”
A apuração das causas do desastre está sendo feita pela Aeronáutica da Colômbia, que ainda não informou um motivo oficial para o acidente. O caso só será elucidado após a análise das caixas-pretas do avião, encontradas na tarde desta terça-feira.
Fonte: O Globo, G1

