A Proposta de Emenda à Constituição 241 “tem rabo de sereia e cabeça de tubarão”, resumiu o deputado federal Moisés Diniz (PCdoB). “Tem o mérito de querer frear a bandeira fiscal, mas adota caminho equivocado. Poderia ser uma grande PEC. Porém, ela vai comer a merenda das nossas crianças, vai deixar sem creche os filhos dos pobres e devorar o salário dos professores. Vai engolir, como soda cáustica, as camas dos hospitais e vai tirar o remédio pra pressão alta dos nossos idosos. Essa PEC é tão má que vai beber até o metiolate e comer o esparadrapo dos hospitais”, protestou o deputado, que se submeteu a uma cirurgia e, em razão de problemas de saúde, não compareceu á votação.
Em pronunciamento, Moisés Diniz dirigiu-se ao presidente da Casa e ao plenário da Câmara para revelar a essência de sua opinião sobre a proposta.
“Como a baleia de Jonas, essa PEC vai engolir sonhos de universidade para os filhos dos pobres. E não vai durar só três dias. Pode contar vinte anos aí. Parece que foi pensada por gente que não tem coração: vai matar a creche da criança e a universidade do adolescente. Vai deixar policiais sem balas e sem coletes. Vai dar aos criminosos o que eles queriam: um policial sem proteção. Vai congelar o salário mínimo e deixar um pai de família sem dinheiro pra cuidar do menino que vai nascer, negando-lhe saúde, o transporte e a escola, porque o dinheiro antigo é pra cuidar dos filhos mais velhos”, acrescentou.
A PEC somente agrada aos poderosos, critica Moisés Diniz, “e estes não vão dar aumento real para os seus trabalhadores”. O deputado sentiu falta de um debate sincero sobre as conseqüências da PEC 241 para a dívida pública, que ele chama de “uma casa mal-assombrada que ninguém tem coragem de auditar”. Segundo ele, a Lava Jato vai parecer coisa de trombadinha, “tamanha será a sujeira que vamos descobrir na composição dessa dívida. A proposta é como aquela família que gastou tudo no jogo e tem que tirar a merenda e o cinema dos filhos pra pagar essa conta”.
“Aonde estão os trabalhadores, suas centrais e sindicatos? Ali fora tá parecendo uma fazenda de gado, de tanto cavalo, peões, fazendeiros, que vieram aqui defender a vaquejada. Mas, o movimento sindical do Brasil não está aqui. Lamentável! De minha parte, vou seguir do lado de cá, na oposição ao governo Temer, mas vamos procurar as pontes que foram quebradas, procurar ouvir aqueles que nos atacam e me esforçar pra perceber as diferenças de voz política entre eles”