por Leandro Altheman
Circula pelas redes sociais dois áudios, atribuídos respectivamente aos ex-secretários municipais de agricultura e de obras de Brasiléia Joaquim Lira e Clécio Gadelha.
Lira e Clécio fizeram parte da administração do peemedebista de Everaldo Gomes. Em julho deste ano, Everaldo foi afastado do cargo e Aldemir Lopes, articulador do PMDB na região do Alto Acre (não confundir com o homônimo Aldemir Lopes, prefeito de Marechal Thaumaturgo, do PT). A prisão ocorreu durante a Operação Panaceia da PF que investiga fraudes em documentos públicos, desvio e lavagem de dinheiro.
Os ex-secretários ironizam o fato de que a PF teria encontrado apenas quatro de um total de dezesseis propriedades adquiridas por meio do esquema fraudulento do PMDB de Alto Acre.
No Alto Acre, a Operação Panacéia foi a segunda fase da chamada Operação Metástase, iniciada em julho deste ano.
A operação resultou na apreensão 17 veículos, quatro fazendas e 370 cabeças de gado que seriam de propriedade do prefeito afastado Everaldo Gomes (PMDB) e do secretário-geral do PMDB no Acre, Aldemir Lopes.
Os agentes federais cumpriram mandados de condução coercitiva contra dois ex-secretários do prefeito afastado Everaldo Gomes. A Operação Panaceia foi realizada em cinco cidades, sendo elas: Assis Brasil, Brasiléia, Epitaciolândia, Rio Branco e Boca do Acre.
A Polícia Federal estima que o gado apreendido está avaliado entre R$ 400 mil a 500 mil. Já as fazendas, estão estimadas em R$ 300 mil cada.
PMDB? Não vai dar em nada!
Com tantas provas reunidas contra a a administração peemedebista, seria de causar espanto que dois secretários diretamente envolvidos no esquema demonstrem tão pouca apreensão em consequência da ação da PF.
Contudo, para um bom observador, é possível estabelecer paralelos entre os casos de corrupção do PMDB de Brasiléia e do que ocorre na capital federal. Nesta semana, foi revelado ao país um cheque nominal no valor de um milhão de reais a Michel Temer pago pela empreiteira Andrade Gutierrez. Segundo Otávio Azevedo, delator da Andrade Gutierrez, o valor teria sido pago a Michel Temer como parte do acerto da propina referente á construção da Usina de Belo Monte. Apesar de mais essa prova contundente, Temer conta com a garantia de apoios velados em setores do judiciário que participaram do golpe parlamentar-institucional contra Dilma Roussef e o PT. Para que a narrativa do golpe mantenha-se eficaz, é preciso livrar o PMDB da mesma sanha que criminalizou as doeções de campanha recebidas pelo PT.
Em Cruzeiro do Sul, outro beneficiário eloquente da máfia peemedebista instalada em diferentes instâncias governamentais e do judiciário é o atual prefeito Vagner Sales. Ainda que a justiça federal já tenha apontado ‘veementes indícios’ de enriquecimento ilícito e determinado o bloqueio de R$670 mil reais do ‘fazendeiro’, Vagner continua se beneficiando da morosidade da justiça e usando e abusando do poder econômico para ampliar ainda mais o seu poder político.
Sobre o AIJE que investiga o abuso de poder econômico nas eleições municipais desse ano, um agente federal teria dito, em OFF: ‘PMDB?Não vai dar em nada”. A percepção é a de que o PMDB, partido envolvido no maior número de escândalos de corrupção, fraudes e propinas, goza de uma estranha imunidade, resultado de décadas de clientelismo e patrimonialismo distribuídos por todas esferas de poder. Não é a toa a escolha para o nome operação: metástase. Um câncer já espalhado por todos os órgãos, sufocando o funcionamento do estado é a imagem do PMDB de Alto Acre: apenas uma pálida sombra do que se tornou ao longo desses anos o PMDB nacional.
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