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Editorial: Quando faz política, Lava Jato oscila entre a justiça e a injustiça

do Conselho Editorial

Ovacionada por setores da população como uma ação inédita da justiça para prender criminosos envolvidos em graves crimes de corrupção, a Operação Lava Jato, a cada dia, vai deixando mais claro seus objetivos políticos.

Enquanto o juiz Sergio Moro confraterniza com um dos principais investigados da Lava Jato, Aécio Neves, durante uma risível condecoração como ‘homem do ano’, a grande imprensa nacional continua escolhendo os adjetivos de acordo com suas conveniências político-ideológicas.

As chamadas doações de campanha, podem se tornar simplesmente ‘propina’ ou ‘caixa 2’, nas manchetes, conforme a necessidade de ampliar, ou minimizar o estrago perante o público.

Neste sábado, o governador Tião Viana teve seu nome associado a uma doação supostamente ilegal da Odebreacht. Segundo a delação, 300 mil reais teriam sido doados pela empresa à sua campanha.

Em nota, Tião Viana afirma não ter se encontrado com pessoas ligadas à Odebreacht ‘nem para um cafezinho’ e reafirmou a licitude de suas contas de campanha.

O senador Jorge Viana também é citado na nova delação, e a maior estranheza é que esta divulgação ocorra no mesmo momento em que Michel Temer, Romero Jucá e Renan Calheiros, entre outras figuras do PMDB, aparecem envolvidos em esquemas de propina da Odebreacht.

Em nota, Jorge Viana nega o recebimento de dinheiro em espécie, e reafirma a legalidade das doações. Na nota, o senador acreano sugere que o envolvimento de seu nome e de Tião Viana sejam parte de uma manobra para tirar o foco da atenção do governo Temer e do PMDB.

Em duas décadas no poder no Acre, os irmãos Viana jamais tiveram seus nomes envolvidos em qualquer atitude criminosa. São conceituados como homens públicos honestos, de comportamento ético raro de se ver na classe política brasileira. Não faltaram tentativas.

Em outubro deste ano, o STJ inocentou Tião Viana de um processo no âmbito da Lava Jato. A acusação era de que o governador teria recebido, também 300 mil reais. A defesa, contudo provou que a doação era legal, registrada no TRE. A decisão pela inocência de Tião Viana no STJ foi unânime. O mesmo pode ser dito da famigerada Operação G7, que apesar de ter gerado centenas de manchetes políticas contra o governo e políticos do PT, não conseguiu produzir uma prova concreta sequer, de irregularidades.

Já Michel Temer é citado 43 vezes nas delações, Temer surge em delação como tendo pedido 10 milhões de reais a Marcelo Odeabreacht.

As denúncias contra Temer e figuras do alto escalão do PMDB surgem na Revista Veja, e em jornais como Folha de S.Paulo e Estadão, meios de comunicação com linha editorial próxima ao PSDB.

Para alguns analistas, trata-se da segunda fase do golpe, ou ‘o golpe do golpe’, onde o PSDB, inicialmente aliado do PMDB, vai minando o poder até inviabilizar por completo o governo Temer, para que uma figura do PSDB seja alçado ao poder de maneira indireta.

Coincidência ou não, parte da imprensa continua poupando figuras como José Serra, Geraldo Alckmin ou Aécio Neves. Para Sérgio Moro, por exemplo, o fato de FHC ser apontado por delatores como o ‘pai’ de todos os esquemas na Petrobrás, simplesmente ‘não vem ao caso’.

Não vem ao caso também, o projeto de reforma política da qual Jorge Viana é um dos autores. O projeto prevê, entre outras coisas, definir com mais transparência, a natureza das doações de campanha.

Se a Lava Jato, teve no seu início a intensão de promover uma ‘limpeza’, este objetivo tem se evidenciado menor do que levar ao poder membros da classe política, e de um projeto político, derrotados nas últimas eleições, além é claro, do desmonte da indústria de base brasileira, função a que tem se cumprido, com renomado destaque.

Leia as Notas abaixo:

Nota de Jorge Viana

No dia que o país toma conhecimento do verdadeiro esquema de corrupção que assola Brasília, capaz de varrer o PMDB da vida política e derrubar o governo Temer, líder do golpe parlamentar que tirou a presidenta Dilma Rousseff do poder, tomo conhecimento de reportagem da Folha de S. Paulo tentando envolver o meu nome e o do governador Tião Viana em supostas doações ilegais de campanha.

Tais informações são absurdas e mentirosas. Em 2014, nem fui candidato a nada e Tião Viana foi reeleito em função do bom trabalho que estava – e está – fazendo no governo. Nossas campanhas foram limpas e não fizeram uso de dinheiro ilegal.

Minha eleição para o Senado em 2010 se deu em função do trabalho que fiz no Acre, como prefeito e governador. É lamentável que hoje, quando o Brasil acorda com a revelação do grande esquema de corrupção no governo Temer, tenta-se atingir a atuação política do PT no estado.

Jamais recebi dinheiro em espécie para minha campanha eleitoral. Em 2010, minha campanha ao Senado custou R$ 968,1 mil, dos quais R$ 280 mil foram repassados a outros candidatos. Os recursos foram declarados e minhas contas aprovadas pela Justiça Eleitoral, de acordo com a legislação vigente.

O governador Tião Viana, com o sentimento de indignação dos injustiçados, reagiu de pronto a esse absurdo de forma enérgica. Todos nós que o conhecemos sabemos da sua retidão. Estamos longe desse mar de lama e vamos agora buscar na Justiça nossos direitos para assegurar a nossa honra.

Toda a ação política que tivemos no Acre é baseada no trabalho feito com honestidade. Foi assim comigo, com o governador Binho e o governador Tião. O mesmo na prefeitura de Rio Branco, comigo, com Angelim e Marcus Alexandre.

O povo do Acre nos conhece e sabe que, em mais de duas décadas de vida pública, nunca tivemos nossos nomes envolvidos em corrupção.

Senador Jorge Viana (PT-AC)

Nota do Governador Tião Viana à imprensa:

Não acredito que delator da Odebrecht ou de qualquer empresa envolvida em ilegalidades tenha citado o meu nome.
Nunca me reuni com pessoas canalhas bandidas ou até de bem da Odebrecht sequer para tomar cafezinho. Essa empresa nunca trabalhou com o governo do Estado do Acre.

A última canalhice que tentaram envolver meu nome sobre assunto semelhante me deu o direito de a Procuradoria Geral da República pedir arquivamento do caso e de ter a minha inocência confirmada por unanimidade pelo Superior Tribunal de Justiça.
As contas da minha campanha de 2010 são públicas e foram aprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral.
Repito o que já disse há dois anos: Estou muito longe dessa podridão e essa podridão está muito longe de mim.
Todas as medidas judiciais serão tomadas, imediatamente, após a veiculação covarde do meu nome, o que faço desde que ingressei na vida pública.

 

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