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sexta-feira, abril 19, 2024

Delegado da G7: fraude em relatório, uso de verba para promover mordomia e censura

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Por Leandro Altheman

A justiça federal determinou a absolvição dos 21 acusados de cartel durante a chamada Operação G7. A operação deflagrada em 2012 pelo delegado Maurício Moscardi Grillo foi prodigiosa em oferecer material para a imprensa, mas foi incapaz de apresentar provas que sustentassem suas alegações.

A própria Autoridade Policial Federal admitiu a ausência de provas do delito:

É certo que a comprovação da ação do cartel dificilmente será feita através de documento formal assinado entre os participantes, em que constem as condições do ajuste. Antes será feita através de indícios que comprovem a presença do liame associativo entre os integrantes do cartel .

Temos aí, mais uma vez, a ideia popularizada pelo MP do Paraná de que onde não há provas, bastam as convicções.

Celebrado pelos setores da imprensa acreana, o delegado federal que conduziu a Operação G7, Maurício Moscardi, é investigado pela corregedoria da Polícia Federal no Paraná por ter forjado um relatório sobre o grampo telefônico instalado no celular do doleiro Alberto Youssef.

moscardi
Fraude, mordomias e censura: eis o vosso herói!

Moscardi também é retratado como o ‘delegado das mordomias’ por aplicar verba não declarada na reforma no prédio do Grupo de Investigações Sensíveis (GISE) no Paraná. Segundo o jornalista Marcelo Auler:

“Apesar de ter recorrido ao juiz Sérgio Moro, em dezembro de 2015, pedindo ajuda financeira para pagar a conta de luz e do combustível, a Superintendência Regional do Departamento de Polícia Federal do Paraná (SR/DPF/PR) torrou dinheiro, entre maio e julho do mesmo ano, criando uma “área social” no prédio que abriga o Grupo de Investigação Sensível (GISE) e a Delegacia de Repressão a Entorpecentes, ambos chefiados pelo delegado Maurício Moscardi Grillo. Uma verdadeira mordomia para poucos desfrutarem

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Ilha Gourmet: moderna churrasqueira, com fogão e bancada acoplados, além de modernas cadeiras em acrílico, forno de microondas e máquina de café expresso.

A suntuosidade da reforma promovida na sala de refeições e na cozinha de dois órgãos de investigação, em um prédio localizado no centro de Curitiba*, contrasta totalmente com o discurso que delegados federais vêm fazendo de que faltará verba para as operações policiais. A origem do dinheiro, embora indagada não foi explicada pelo DPF, menos ainda pela superintendência.

É praticamente certo que não foi verba orçamentária. Através do site Transparência Brasil foi possível verificar que entre maio de 2015 (início da reforma) e dezembro do mesmo ano, os pagamentos efetuados pela superintendência a titulo de obras e reformas não incluíram nenhuma delas na capital do estado. Foram pagas reformas nas delegacias de Maringá, Guarapuava e Cascavel.

Restam, portanto, duas alternativas. A primeira, e mais provável, uma nova doação feita por algum juiz federal de Curitiba, com verba apreendida em operações policiais e confiscada em sentença. Para isso, porém, é preciso um pedido oficial que tramita em forma de processo e passe pelo crivo do Ministério Público Federal.

A segunda hipótese, menos provável, seria o uso das chamadas Verbas Secretas (VS) que as superintendências do DPF recebem de Brasília, mas destinam-se especificamente a operações policiais. É um dinheiro usado, com o respaldo da legislação vigente, para pagar informantes em operações de porte, principalmente no combate ao tráfico de drogas. Ele só pode servir esporadicamente para comprar bens de consumo em situação emergencial. Jamais uma máquina de café Nesspresso ou uma ilha gourmet, para ficar em apenas dois exemplos de modernidades instaladas no prédio do GISE. A informação colhida pelo blog dá conta que, após a reforma do GISE, o DPF em Brasília reduziu à metade as remessas de da verba secreta para o Paraná. Normalmente eram enviados R$ 32 mil que caíram para R$ 16 mil. É mais uma informação que se espera a confirmação pelo DPF junto com a explicação da origem do dinheiro usado na reforma.”

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Polícia Federal, sem verba para a luz, mas com mordomias

Moscardi foi afastado da chefia. O jornalista Marcelo Auler foi alvo de uma ação movida pelo delegado de polícia, obrigando-o a retirar as matérias do ar, mas conseguiu reverter a decisão na justiça.

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Marcelo Auler: alvo de tentativa de censura por parte de Moscardi e sua turma

Auler colocou em cheque a seriedade na condução da Operação Lava Jato ao expor um caso de grampo clandestino, em que Moscardi foi acusado por colegas de fraudar o relatório:

Moscardi, porém, não ficará ao desabrigo. Afinal, já prestou “importantes serviços” à Lava Jato como assumir a presidência da sindicância 04/2014. Nela, concluiu que o grampo encontrado na cela do doleiro Alberto Youssef era antigo e estava inativo. Suas conclusões foram contestadas pelo agente Dalmey Fernando Werlang, que confessou ter instalado a aparelhagem em 19 de março de 2014, data em que o doleiro foi preso, especificamente para captar suas conversas, ainda que ilegalmente. O grampo não tinha autorização judicial. Moscardi assumirá o posto de coordenador da Força Tarefa da Lava Jato na Superintendência

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Lava Jato: cai o delegado das mordomias no Paraná

Má Fé

Auler acusa Moscardi de ter usado de má fé para conseguir a retirada das matérias do ar:

Para censurar o blog, impedir novas reportagens que o citassem e suspender oito matérias postadas entre os dias 4 de novembro e 8 de abril passados, o delegado federal Mauricio Moscardi Grillo usou de uma manobra nada ética. Ele ingressou com três ações em juizados distintos, sendo que duas tramitaram paralelamente. Algo que certamente pode ser considerado litigância de má fé, por trata-se de tentativa de burlar o sistema do juiz natural do feito.

Com 24 horas de diferença, ele ajuizou duas ações de indenização por danos morais, em fóruns diferentes da capital paranaense. No dia 13 de abril, às às 21h08min., entrou com a ação de indenização por danos morais contra o editor deste blog  no 11° Juizado Especial Cível de Curitiba, fórum central.

Liberdade de imprensa

Para o jornalista e economista Luis Nassif, do site GGN, houve uma tentativa da cúpula da lava jato em cercear o direito à liberdade de imprensa.

Decisões judiciais como a pretendida por Moscardi é que fazem o Brasil situar-se na 104ª posição no ranking mundial de liberdade de imprensa.

A ação foi criticada pela ABI – Associação Brasileira de Imprensa.

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ABI diz que ordem de tirar do ar textos sobre a Lava Jato é censura

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