por Leandro Altheman
A manifestação de hoje em Cruzeiro do Sul obviamente reuniu os setores da chamada esquerda tradicional, ligados principalmente ao PT e PCdoB. O principal puxador do movimento foi o SINTEAC.
Mas não estiveram sós.
Além dos servidores estaduais, liberados pelo governo para participar das manifestações, havia também servidores federais, com destaque aos professores do IFAC, mas também servidores do INCRA.
Mesmo professores e estudantes mais relutantes em ‘assumirem um lado’ na disputa político-partidária também participaram. Formaram vozes dissonantes, mas presentes na Greve Geral.
Dentre estes houveram discursos contra o suposto ‘partidarismo’ dentro do movimento, mas ainda assim favorável à pauta dos trabalhadores e contra as reformas trabalhista e previdenciária tal qual vêm sendo impostas.
“Temos que estar fortalecendo e chamando pessoas que estão desacreditadas de movimentos como esse, mas não defendendo bandeiras de partidos A ou B”, disse Raildo Medeiros, diretor do Campus do IFAC de Cruzeiro do Sul.
Houveram exortações ‘contra a corrupção’, e puderem ser ouvidas até mesmo discursos de apoio à lava jato, pautas normalmente associadas ao que se convencionou chamar de ‘direita’.
Partidários da REDE de Marina Silva, foram uma participação discreta, mas presente.
Para PT e PCdoB, as reformas previdenciária e trabalhista comprovariam o caráter de ‘golpe’ no impeachment de Dilma, já que dificilmente tais propostas passariam pelo crivo das eleições como parte de um programa de governo eleito para esta finalidade. Para estes partidos, o golpe seria na verdade contra os trabalhadores e o impeachmeant, teria sido somente um meio de atingi-lo.
Para além dos setores daqueles tradicionalmente mobilizados pelo que se convencionou chamar de ‘esquerda’ foi automática a associação corrupção+privilégios x direitos do povo, o que deslegitima a classe política em representar a classe trabalhadora, esta sim afetada por mudanças a qual os políticos estão imunes.
“Nós ‘passa’ a vida toda trabalhando, quando chega a hora de se aposentar já está quase morto”, disse a trabalhadora rural, Dona Maria do Ramal 3.
O partidarismo ficou mais patente nas ausências, e não nas presenças do movimento desta sexta-feira. Apesar de serem os trabalhadores rurais uma das categorias mais afetadas pela reforma da previdência, o PMDB garantiu que o STR não mobilizasse os trabalhadores, deixando registrado o peleguismo governista do STR-CZS.
A ausência do sindicato comandado pelo PMDB coincide com os votos favoráveis à reforma dos deputados Flaviano Melo e Jéssica Sales, ambos do PMDB.
