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Léo do PT vê ligação entre Gladson e ponte do bilhão. Senador teve o segundo voto mais caro do País em 2014

Por: Tião Victor
O deputado federal Léo de Brito (PT/AC) disse temer que parte dinheiro da obra de construção da ponte sobre o rio Negro, no vizinho Estado do Amazonas, tenha vindo parar no Acre para regar as campanhas de Gladson Cameli, senador pelo Partido Progressista. O alerta do parlamentar petista foi divulgado na manhã desta quarta-feira, 19, através de um vídeo divulgado nas redes sociais. Nele, Brito pede às instituições realizem investigações para apurar as suspeitas surgidas a partir da delação premiada do ex-diretor de Projeto de Infraestrutura da Camargo Corrêa, Arnaldo Cumplido, que denunciou esquema milionário de desvio de recursos que eram doados para políticos amazonenses como ex-governadores e agora senadores Eduardo Braga (PMDB) e Omar Aziz (PSD).
No centro desse esquema está o empresário Eládio Cameli, pai de Gladson e proprietário da construtora Etam. De acordo com Cumplido, a Etam era subempreiteira da obra de construção da ponte que liga Manaus à cidade de Iranduba – conhecida como Ponte do Bilhão, dado ao seu alto custo -, e era a encarregada de fazer os repasses do dinheiro aos políticos amazonenses.
“Essa denúncia é de uma gravidade muito grande. Todos nós conhecemos as campanhas milionárias que foram feitas pelo senhor Gladson Cameli no Estado do Acre e todos nós sabemos que esses recursos sempre vieram de Manaus”, disse Léo de Brito. “Nós estamos pedindo a apuração, estamos pedindo que os órgãos possam fazer essa apuração rigorosa, pois o senhor Gladson e o senhor Eládio Cameli têm muito a explicar à sociedade acreana”, completou.
Gládson teve o segundo voto mais caro do Brasil
A eleição de 2014 mostrou o grande “poder de fogo” de Gladson Cameli. Naquele ano, ele se elegeu senador pelo PP e teve uma das campanhas mais caras do Brasil. Segundo Léo de Brito, Gladson teve o segundo voto mais caro entre os 27 senadores eleitos, perdendo apenas para a senadora Kátia Abreu (PMDB).
“Kátia gastou R$ 6,9 milhões e recebeu 282.052 votos, o que equivale a R$ 24,71 por voto. Já o Gladson gastou R$ 22,46 por voto”, disse o parlamentar.
Para Léo de Brito, isso mostra o quanto têm sido milionárias as campanhas de Gladson Cameli, que já se elegeu deputado federal por dois mandatos.
Na sua prestação de contas da eleição de 2014, a construtora Etam aparece como uma das doadoras com maior volume de recursos. Ao todo, foram R$ 1.8 milhão. Mas aparecem, também, como doadoras, outras grandes empresas da área da construç!ao civil, como a Construtora Amazonidas Ltda, que doou R$ 585 mil.
Além dessas, empresas investigadas pela Operação Lava Jato e Carne Fraca também fizeram doações para Gladson Cameli. A OAS doou R$ 100 mil através do Diretório Nacional do PP e a JBS dou R$ 600 mil em três repasses feitos, também, através do Diretório Nacional.

Os antecedentes de Eládio
É difícil supor que Eládio Cameli tenha atuado em esquema de corrupção desviando recursos da obra da Ponte do Bilhão e doando apenas para políticos amazonenses, deixando seu filho de fora. E é justamente isso que cabe às instituições instigadas por Léo de Brito investigar. Mas é bom lembrar que Eládio já se envolveu em caso semelhante nos anos de 1990, quando participou do esquema para a compra de votos que garantiram a reeleição para o então presidente Fernando Henrique Cardoso.
Eram de Eládio os cheques de R$ 200 mil, usados para o pagamento dos parlamentares acreanos (cerca de R$ 985 mil em valores corrigidos pelo IGP-M até 30 de março) que votaram a favor da reeleição de FHC.
Já seu filho Gladson Cameli, foi citado pelo doleiro Alberto Yousseff como um dos parlamentares para quem ele remetia uma mesada que variava de 30 a 150 mil reais, na legislatura passada, quando Cameli era deputado federal.

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