Tião Maia
Quando o então governador Jorge Viana anunciou que faria uma grande obra no centro a cidade, com a revitalização das casas comerciais da Avenida Epaminondas Jácome e em seguida o chamado Mercado Velho – obras do governo Hugo Carneiro, ainda nos tempos do Acre Território e que chegaram até os idos de 1990 como locais de abandono e cujas imagens representavam a miséria do Acre daqueles tempos, o mundo veio abaixo. A oposição – praticamente a mesma que está agora se levantando contra a construção deste museu anunciado pelo governador Tião Viana – se esfalfava em praça pública se posicionando contra as obras com os mesmíssimos argumentos de que, por ser um Estado pobre, isolado e fora de mão, no Acre havia necessidades outras.
Quando Jorge Viana insistiu e disse que, além das reformas nas lojas e no próprio mercado, iria erguer também uma passarela para pedestres entre as duas pontes sobre o rio Acre, ligando o primeiro ao segundo distrito – ou vice-versa, como queiram – a gritaria foi ainda maior. Na campanha eleitoral que levaria o então vice-governador à eleição de governador como sucessor de Jorge Viana, Binho Marques, vi esta gente, se dizendo de oposição, comemorando a morte de um engenheiro que se acidentara nas obras de construção da passarela. Os argumentos eram sempre os mesmos: seria necessário investir, prioritariamente, em saúde, educação e segurança pública, mais ou menos nesta ordem. Mas, hoje, ninguém fala da beleza e da utilidade das obras que eles tanto combaterem e contra as quais tanto torceram.
Agora, estamos assistindo a deputada Eliane Sinhasique, líder do PMDB na Assembleia, e certamente orientada por seu mais novo guru político, o atual deputado e ex-governador do Estado Flaviano Melo, a gritar os mesmos gritos do passado dizendo que o atual governo não pode construir museus porque precisa construir e investir na saúde, na educação e na segurança pública. O que a parlamentar não diz é que, não faz nem um mês, o atual governo entregou à sociedade armamento, viaturas e outros a investimentos na área de segurança que superaram os R$ 10 milhões. É claro que isso não resolve os problemas da área de segurança no Acre, do mesmo jeito que, mesmo com ajuda do governo federal, seu aliado Pezão, governador do Rio, não consegue devolver um mínimo de paz e segurança à sociedade fluminense e carioca. Aqui, mesmo enfrentando o duro boicote do governo Temer, o governo do Estado está promovendo concursos na área de segurança pública para o preenchimento de vagas nas polícias Civil e Militar.
Em relação a investimentos na Saúde e na Educação, nem há que se falar porque tais recursos já vêm carimbados e devem ser aplicados por exigência constitucional. Ainda assim, o governo está anunciando a entrega de mais dois hospitais – o Into, que vai tratar de traumas de ossos, e do Câncer, este último em parceria com o Hospital de Barretos, em São Paulo. Isso para citar apenas dois exemplos dos investimentos.
O que a deputada e seus ventríloquos da oposição não dizem é que eles, quando estiveram no poder, tinham, eles sim, outras prioridades: a de resolver seus problemas pessoais, numa confusão sobre o que era público e o privado e que levou o Acre ao descalabro de o governador Jorge Viana, quando chegou ao poder, em 1999, em nome da Frente Popular, só ter encontrado no Estado uma bandeira rota, uma população desmoralizada e todas as instituições falidas. Era comum, naqueles tempos, as notícias de que funcionários públicos, pais de famílias que não conseguiam pagar suas contas na taberna da esquina aonde adquiriam o alimento de seus filhos, se suicidavam porque estavam com seus salários atrasados, há três, quatro ou cinco meses – enquanto isso, aqueles donos do Acre operavam na bolsa de valores e em outras carteiras de investimentos com o dinheiro público cujos lucros das operações ilegais iam parar em suas contas pessoais. Quando o assunto era obras naqueles tempos, a que mais se destacava naqueles tempos triste era uma, no centro de Rio Branco, que a população, mais tarde, batizou de “bebódromo”, ali na frente do local onde funcionava o então banco real (hoje Santander). Aliás, não por acaso, para fazer jus ao nome do local, era o ponto de encontro dos então donos do poder para a carraspana.
Aliás, se o assunto em pauta é prioridades, então vamos discutir, por exemplo, quais foram as prioridades do governo Flaviano Melo, por exemplo. Ele assumiu o governo em 1987 sob enorme expectativa de que levasse o Estado adiante no combate à fome e à miséria que grassavam o Acre daquela década. Ao deixar o governo, na companhia de gente como Mauro Bittar e outros de triste memória para o Acre, o que ficamos sabendo é que eles tinham de fato uma prioridade: afanar as contas públicas do Acre – como afanaram – através de uma famigerada conta fantasma chamada “Flávio Nogueira”.
Está, portanto, explicado o motivo de essa gente não querer um museu ou qualquer outra coisa que possa remeter à memória neste Estado. Afinal, eles querem que o nosso povo esqueça que eles foram governos e o que fizeram contra a nossa gente. Ter um governo com capacidade e fatos que possam ser mostrados, inclusive em um museu, é tudo que aqueles que são representados pela deputada Sinhasique não querem. Por vergonha do que fizeram – se é que eles as tem – e para que o que foi feito pelos governos da Frente Popular possa ser também esquecido. Tivesse eu feito parte daqueles governos, sinceramente, também não queria a construção de museus ou de quaisquer elementos históricos que possam remeter aos tempos em que viver no Acre era sinônimo de vergonha e sofrimento.
Por:

