O Governador Tião Viana anunciou investimentos da ordem de 17 milhões de reais para a agricultura familiar nos três municípios: Cruzeiro do Sul, Rodrigues Alves e Mâncio Lima.
Os investimentos refletem uma aposta na diversificação da produção rural e contemplam as cadeias produtivas da fruticultura e horticultura, piscicultura e meliponicultura (mel de abelhas sem ferrão), além de iniciar a implantação da suinocultura na região, a partir de Mâncio Lima além de fomentar a mecanização agrícola e extensão indígena.
As ações serrão realizadas através da SEAPROF (Secretaria de Agricultura e Produção Familiar) beneficiando 2.557 famílias na região.
O anúncio acontece em um momento em que estados maiores e mais ricos do país estão com dificuldades em cumprir com sua folha de pagamento, como é o caso do Rio de Janeiro, onde servidores não receberam o décimo-terceiro e somente agora estão recebendo o salário de abril.
Plantar para Resistir

Entre os parlamentares da bancada federal acreana, foi muito forte a tônica de que é preciso resistir à política de desmonte dos direitos e de fragilização da agricultura familiar do governo Temer. Moisés Diniz, do PCdoB foi enfático ao afirmar que a capacidade de resistir nasce no campo, com o alimento produzido pelas mãos de trabalhadores e trabalhadoras rurais. Moisés referiu-se diretamente à proposta do governo de reforma previdenciária, que irá dificultar o acesso dos agricultores familiares à aposentadoria.
“Querem tirar o nosso direito ao amanhã”, disse.

Léo de Brito, do PT falou sobre a extinção do Ministério do Desenvolvimento Agrário, que dificulta o acesso dos pequenos agricultores às políticas públicas e também condenou a proposta que autoriza o pagamento com alimento e moradia, o que na prática, legaliza a escravidão no campo. Léo afirmou ainda que a bancada acreana havia assegurado 154 milhões para a recuperação de ramais, mas que o governo cortou para 80 milhões “e este recurso até o momento não apareceu.”, declarou.

O deputado estadual Daniel Zen (PT) afirmou a importância da agricultura familiar, responsável por cerca de 70% da produção do alimento consumido na mesa do brasileiro. “A grande produção é para exportação. E importante para a economia. Mas é a pequena produção que gira no mercado local e alimenta a população”.

Suinocultura
A maior novidade foi o início da implantação da suinocultura em escala industrial em Mâncio Lima. Segundo o secretário da SEAPROF, Thaumaturgo Neto, a intenção é que a produção de Mâncio Lima esteja integrada as unidades produtivas do vale do Acre, onde já se produz em escala comercial.
Fábrica de Fécula
Tião Viana mencionou a possibilidade de implantar uma fábrica processamento de fécula de mandioca (goma processada), aproveitado a alta produtividade da mandioca na região.
Segundo o governador, a economia da mandioca representa 325 milhões de reais/ano para o estado e é uma das mais importantes do país. Com uma fábrica desse porte, a expectativa seria ampliar esta economia para até 1 bilhão de reais ano. O mercado mundial para fécula é grande: ela é utilizada desde condimentos industrializados como catchup, até para engomar roupas na indústria do vestuário. O custo é estimado em cerca de 30 milhões de reais, com a capacidade de gerar até 20 milhões de reais ano.
Confiança na capacidade de produção do trabalhadores rurais
Para o governador, o investimento de mais de 17 milhões de reais em um momento em que outros estado passam por dificuldades traduz o significado de uma confiança na classe trabalhadora rural como geradora da riqueza na mesa das cidades gera.
O diferencial, contudo, parece ser a aposta na diversificação da economia e nas vocações históricas de produção: peixe, frutas diversas, mandioca, mel e suínos para movimentar a economia, ao invés da aposta na monocultura, como da soja por exemplo – ‘commoditie’ que é um dos maiores itens de exportação nacional.
Mais diversidade, menos monocultura.

Perguntado sobre a possibilidade de se investir na produção da soja no Acre, Tião Viana demonstra cautela:
“Nosso ZEE (Zoneamento Ecológico Econômico) diz que cabe o espaço para a soja no estado. Cabe, mas temos que ter cuidado. No Acre chove muito. Soja não gosta de chuva. O próprio governo do estado do Mato Grosso apresentou um estudo dizendo que o peixe dá mais rentabilidade que a soja. Agora, imagine: se na terra da soja dizem isso, imagina aqui que é o mundo das águas, ideal para a piscicultura? Melhor trabalhar com produtos que sejam da nossa vocação do que colocar uma gramínea que não chega a gerar metade do que geram outros produtos no estado.”
Veja como ficam os investimentos em cada município
Mâncio Lima
O plano agrícola de Mâncio Lima reúne um investimento de R$ 7.140.831,078, recursos para promover as cadeias produtivas do mel, suinocultura, piscicultura, açaí, fruticultura, horticultura, bem como a mecanização agrícola e extensão indígena, contemplando 1.022 famílias.
Ao todo, 40 produtores e 27 entidades compõem a gama de beneficiários, do município, no PAA.
O recurso garante ainda a conclusão do Plano de Desenvolvimento Comunitário (PDC) na comunidade Bom Sossego, assegurando a aquisição de dois barcos e dois motores, por meio do Programa de Inclusão Social e Desenvolvimento Econômico Sustentável do Acre (Proacre).
Cruzeiro do Sul
Já em Cruzeiro do Sul, o investimento é de R$1.782.500,56, que será utilizado no fomento das cadeias produtivas do mel, piscicultura, açaí, fruticultura e borracha, bem como na oferta de mecanização agrícola e extensão indígena, beneficiando 872 famílias de produtores rurais.
Ao todo, 160 produtores e 36 entidades compõem a gama de beneficiários, do município, no PAA.
Rodrigues Alves
O Plano Agrícola de Rodrigues Alves reúne o montante de R$ 3.240.095,25. O recurso vai fortalecer as cadeias produtivas do mel, açaí, piscicultura, fruticultura e horticultura, e ampliar a oferta de mecanização agrícola, beneficiando 663 famílias de agricultores.
Ao todo, 20 produtores e 20 entidades rurais compõem a gama de beneficiários, do município, no PAA.
Com Informações da Assessoria

