Pré-candidato a governador pelo Acre nas eleições deste ano, o senador Gladson Cameli (PP-AC) definitivamente anda cada vez mais na contramão da história. Enquanto o mundo inteiro cobra mais eficiência e austeridade nos gastos públicos, Gladson segue gastando recursos públicos até à exaustão.
Só para Genebra, capital da Suíça, um dos centros mundiais de turismo com seus belos Alpes, Gladson Cameli foi três vezes durante os 3,5 anos de mandato, gastando R$ 63 mil em passagens e diárias do Senado Federal. Também foi a Nova York (EUA) quatro vezes por R$ 67 mil; a Paris (França) duas vezes por R$ 46 mil; ao Japão por R$ 47 mil; Vietnã por R$ 44 mil, e à República Tcheca, ao custo de R$ 51 mil, entre outras viagens.
Juntando as 19 caríssimas viagens que fez ao redor do mundo nos últimos três anos e meio de mandato, quase todas incluindo finais de semanas livres para passeios, o volume de dinheiro gasto pelo senador, que quer governar o Acre prometendo austeridade e eficiência, ultrapassa aos R$ 496 mil, que dariam para construir mais oito casas para famílias carentes na Cidade do Povo, em Rio Branco, ou no bairro do Miritizal, em Cruzeiro do Sul, sua cidade natal. Nos últimos 3,5 anos, Gladson viajou pelo mundo, a custa do contribuinte, quatro meses e 18 dias, equivalentes a 11% do tempo de seu mandato de 42 meses.

A significativa gastança de dinheiro público rendeu ao pré-candidato a governador do Acre o troféu nada invejável de quinto maior gastador de dinheiro público do Senado Federal, segundo ranking publicado pelo Portal Metrópoles, um dos mais lidos na internet. Pelo ranking, o senador do PP gastou de janeiro de 2015 a dezembro de 2017 o total de R$ 1 milhão e 258 mil de sua cota de ajuda parlamentar, além de R$ 439 mil com viagens internacionais, todas ressarcidas pelo Senado.
Para a surpresa da mídia nacional, o mesmo quinto lugar atribuído a Gladson Cameli, como senador mais perdulário do Senado Federal, também foi debitado na Câmara Federal pelo mesmo portal ao seu pré-candidato a vice-governador, o deputado federal Wherles Rocha (PSDB-AC), que gastou nos três primeiros anos de mandato a bagatela de R$ 1 milhão e 574 mil em cota parlamentar. Valor bem mais superior ao gasto do próprio Gladson e aos gastos dos outros quatro maiores perdulários de dinheiro público do Senado.
SENADOR GASTA POR ANO 2 ESCOLAS DO ENSINO MÉDIO
Somando-se as despesas registradas no Portal de Transparência do Senado nos seis primeiros meses deste ano, os gastos de Gladson sobem para R$ 1 milhão e 467 mil da sua cota de ajuda parlamentar e para R$ 497 mil os gastos com viagens internacionais, resultando em gastos da ordem R$ 1 milhão e 964 mil, suficientes para construir duas escolas de ensino médio em bairros populosos de Cruzeiro do Sul.
Esses recursos estão incluídos nos R$ 115 milhões que o senador Gladson Cameli, que apresentou apenas um projeto de lei de interesse direto do Acre e faltou a 54% das votações no Senado, também já custa aos cofres públicos nacionais nos seus três anos e meio de mandato, levando-se em conta a média dos orçamentos anuais do Senado no período, segundo cálculos feitos pela organização Transparência Brasil.

As gastanças exorbitantes de Gladson Cameli incluem situações vexatórias quando se examinar seus gastos no Portal da Transparência, localizado em sua página oficial do site do Senado Federal. Uma delas ocorreu na viagem que fez em outubro de 2017 a São Petesburgo, na Rússia, onde foi participar de assembleia da União Interparlamentar, quando gastou de passagens R$ 23,7 mil, enquanto seu colega de bancada Jorge Viana (PT-AC), que participou do mesmo evento, gastou apenas R$ 6,6 mil de passagens aéreas. Além das passagens, Gladson recebeu R$ 8,1 mil em diárias, custando aquela sua viagem a bagatela de R$ 32 mil.
A maioria das viagens internacionais de Gladson Cameli e de vários outros senadores se destina a participar de encontros e eventos promovidos pela União Interparlamentar, entidade que recebe dinheiro do Senado e da Câmara para promover encontros de parlamentares que já foram considerados “improdutivos”, por exemplo, pelo ex-presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP).
VIAGENS COM INDISFARÇÁVEL CUNHO TURÍSTICO
O caráter turístico das viagens internacionais de Gladson Cameli pode ser atribuído ao fato de, na maioria delas, principalmente para as cidades mais famosas do mundo, constarem finais de semana e outros dias de folgas fora do calendário dos eventos dos quais o senador participou nos últimos 3,5 anos.

Assim aconteceu, por exemplo, na viagem do senador à Genebra (Suíça), de 17 a 24 de junho deste ano, para um evento ocorrido entre 17 e 18 do mesmo mês, quando ele teve agenda livre de terça a sábado, viajando de volta ao Brasil no domingo. Em viagem à Paris (França), de 1 a 10 de junho do ano passado, o senador teve um final de semana e mais três dias de agenda livre porque o evento se deu apenas nos dias 6 e 7 de junho. De 21 a 27 de fevereiro deste ano, Gladson teve sábado, domingo e segunda livres em Nova York, pois o evento naquela cidade norte-americana se deu apenas nos dias 22 e 23.
Além de ser perdulário de dinheiro público, o senador Gladson Cameli também o usa para beneficiar empresas de parentes. O jornal O Estado de São Paulo o denunciou em seis de setembro de 2011 por ter usado, entre 2009 e 2011, o total R$ 270 mil da sua cota parlamentar de deputado federal na Câmara pagar transporte aéreo e combustível pelas empresas Aerobran Taxai Aéreo e Aerobran Distribuidora, de propriedade de um tio de sua esposa Ana Paula.

Além de serem ressarcidos de gastos com viagens internacionais (incluindo passagens e diárias) quando representam suas instituições no exterior, todo senador e deputado têm como cota parlamentar os pagamentos de despesas com passagens aéreas e terrestres nacionais, de aquisição de material de consumo, de hospedagem, de alimentação, de combustível, de divulgação da atividade parlamentar e de aluguel de escritório político nos seus estados, entre outros gastos.
(*) Jornalista editor do jornal Expresso Amazônia. Com informações jornal Expresso Amazônia.

