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MPAC deflagra operação contra policiais militares acusados de tortura

O Ministério Público do Estado do Acre (MPAC) deflagrou na manhã de quinta-feira (1º) a Operação Calvário e prendeu dois policiais militares acusados do crime de tortura. A ação foi coordenada pelo Grupo Especial de Atuação para Controle Externo da Atividade Policial (Gacep) e contou com apoio da Polícia Civil.

Os mandados de prisão preventiva foram expedidos pelo Juízo da 3ª Vara Criminal de Rio Branco. Além da apreensão de documentos e equipamentos eletrônicos, a operação prendeu em flagrante um dos policiais por porte ilegal de arma de fogo de uso restrito com munição.

A prática de tortura aconteceu em maio desse ano e sua apuração se deu através de um procedimento investigatório criminal instaurado pelo MPAC. De acordo com a investigação, três policiais militares teriam empregado métodos desumanos contra M.L.S. com o fim de obter informações sobre o paradeiro de objetos furtados de um outro policial militar. A vítima era a usuária de drogas e teria entrado em uma casa de um policial militar e furtado alguns pertences da atividade policial. Logo depois, teria se dirigido ao bairro Dom Giocondo na tentativa de vender ou trocar os objetos por entorpecentes.

Sem fardamento, o grupo de policiais, conforme o relato das testemunhas, teria ido ao bairro e, torturando também uma pessoa, que ainda não foi identificada, teria conseguido localizar paradeiro de M.LS. Achada, a vítima foi colocada em um carro do serviço reservado e circulou pela cidade sofrendo espancamentos. De volta ao bairro, diante de uma plateia, teve os punhos pregados em um assoalho de uma casa abandonada. Com a saída dos policiais, M.L.S foi socorrido pelas pessoas presentes e despregado do assoalho. Segundo as testemunhas, o objetivo dos agentes era “dar um recado”.

Até o momento não foi identificado o terceiro policial que participou do ato criminoso. Testemunhas relataram que estavam sendo intimidadas e o barraco em que houve a sessão de torturas foi destruído. Com as provas da materialidade do crime e indícios suficientes da autoria, inclusive laudos médicos atestando as perfurações, o MPAC agora vai oferecer a denúncia à Justiça com base na Lei 9.455/1997, cuja pena para crime de tortura é a reclusão de dois a oito anos, aumentando-se a pena se o crime for cometido por agente público. Além disso, a condenação acarreta a perda do cargo, função ou emprego público.

Em coletiva com a imprensa, os promotores de Justiça envolvidos na investigação frisaram que não se trata de uma ação contra a polícia, mas contra maus policiais que atuam na ilegalidade. “Os agentes têm o dever de garantir os direitos da sociedade e fazer o cumprimento da lei. E esses investigados fizeram completamente o contrário” disse a coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Controle Externo da Atividade Policial e Fiscalização dos Presídios, promotora de Justiça Maria de Fátima Teixeira.

O nome da operação do MPAC faz menção ao lugar em que Jesus foi crucificado, conhecido por Gólgota ou Calvário, que significa Lugar da Caveira.

Agência de Notícias do MPAC

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