Polícia Militar avisou que não vai aceitar invasões e o clima ficou tenso quando os servidores ficaram sabendo que o governador está na Alemanha.
O prédio envidraçado no centro da Capital Rio Branco (AC), que um dia foi a sede do extinto do Banco do Estado do Acre (Banacre), que também serviu de gabinete de despachos do falecido governador Orleir Cameli nos anos 90, na manhã desta terça-feira (10) será uma espécie de butim ou de cabo de guerra envolvendo grevistas da Secretaria de Saúde – médicos, enfermeiros, técnicos e outros profissionais da área, e técnicos do setor de segurança do Estado, incluindo a Polícia Militar do Estado. O clima, claro, será de tensão.
Os dois lados ameaçam não ceder e as consequências são imprevisíveis. Em Entrevista ao Juruá Em Tempo, na semana passada, o líder da greve a ser deflagrada hoje, Adailton Cruz, disse que o Sindicato que ele representa, o dos servidores da saúde, vai tentar ocupar todas as dependências do prédio. A ideia é que, mesmo aqueles servidores dispostos a furar o movimento, os detentores de cargos comissionados ou chefes dos setores, que nada teriam a ver com a categoria efetiva, teriam que ser impedidos de trabalhar. “Vamos tentar limitar o trabalho ali o máximo possível”, disse, no início da semana passada, ao Juruá Em Tempo, o sindicalista Adailton Cruz, presidente do Sintesacre – o Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Estado do Acre.
O problema é que há um serviço de segurança do Estado, através da Polícia Militar do Acre, com homens armados e dispostos à garantia da ordem, segundo anunciou o comandante da corporação, coronel Ezequiel Bino. Ele mandou dizer, através de seus comandados, que invasão de prédios públicos é crime e que a Polícia Militar não permitirá o feito – ou seja, a sorte está lançada.
Ou seja, em meio ao cabo de guerra entre servidores e sindicalistas declarados em greve está a guerra travada contra a secretária de Saúde, Mônica Feres, acusada de ter trazido ao Acre, como assessores, um comando de auxiliares composto de militares aposentados Exército que estariam marchando de forma errada em relação à administração da saúde no Acre. A acusação é verbalizada por deputados inclusive da base de sustentação do Governo na Assembleia, como José Bestene (PP) e Roberto Duarte (MDB).
A tesão se acumula porque a greve vai ser deflagrada no exato momento em que o governador do Estado, Gladson Cameli, está fora do Estado e do país. Ele estará, na manhã desta terça-feira, na cidade de Ulm, no sul de Alemanha, a pretexto de negociar a compra de caminhões especializados Corpo de Bombeiros e de tratar de outros interesse em relação ao governo alemão. Enquanto ele trata de assuntos do Corpo de Bombeiros na Europa, o acre pode pegar ainda mais fogo. O vice-governador, Wherles Rocha, vai ser testado.