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quinta-feira, abril 25, 2024

Em entrevista, Messi fala sobre possível volta de Neymar ao Barcelona, saída de Suárez e vontade de jogar nos EUA

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Lionel Messi concedeu uma entrevista como pouco se viu ao longo de sua carreira neste domingo. Ao jornalista Jordi Évole, no canal “LaSexta”, o craque do Barcelona abriu o jogo sobre diversos temais, pessoais e profissionais. O momento de crise e a necessária reconstrução do clube foram pauta em diversas perguntas, sobrando até para Neymar e Suárez.

O argentino foi perguntado, por exemplo, se ficaria no Barcelona caso Neymar fosse contratado na próxima janela, no meio do ano. Sua reação foi rir, pois sabe da dificuldade em que o clube está inserido.

– Vai ser difícil trazer jogadores porque falta dinheiro. Não há dinheiro. Há vários jogadores importantes para voltar a lutar por tudo e por esses jogadores que você tem que pagar caro. Eu ri porque você falou do Neymar, que deve ser caríssimo por tudo o que faz. Para comprar e pelo salário.

“E se Neymar resolvesse abaixar o seu salário?”, perguntou o apresentador.

– E como você paga o PSG pela transferência? Não é fácil, vai ser uma situação difícil para o novo presidente. Terá que ser muito inteligente, organizar tudo e fazer muitas mudanças para que tudo corra bem – completou Messi.

A saída do uruguaio Luis Suárez para o Atlético de Madrid também deixou o camisa 10 furioso com a diretoria do Barça.

– Parece uma loucura o que fizeram com Luis, falando do caso concreto dele, por como fizeram as coisas, por como ele foi embora, e porque saiu de graça pagando-lhe os anos de contrato e o deram a um time que iria lutar pelos mesmos objetivos que nós. Não só o fato de ele ter saído que já era duro, mas também como ele saiu.

Na longa entrevista, Messi ainda comentou sobre o desejo de jogar nos Estados Unidos, criticou o presidente Josep Maria Bartomeu e revelou que não negociará com nenhum clube até o fim da temporada – embora possa assinar um pré-contrato a partir de janeiro.

Veja os melhores trechos abaixo:

O que sente pela camisa do Barcelona

Sempre disse que o Barcelona é minha vida. Estou aqui desde os 13 anos. Cresci tanto no clube, como na cidade. Tenho mais tempo vivendo em Barcelona do que no meu país na Argentina. Aprendi tudo aqui, cresci e o clube me formou como jogador e pessoa, me deu tudo e eu sempre dei tudo pelo Barcelona. Tenho uma relação de amor porque é o que vivi desde que cheguei aqui, o amor que tenho à cidade, ao clube e tudo o que tenha a ver com Barcelona. Meus filhos nasceram aqui também. Não sou muito de fazer tipo, o que eu falo é porque eu sinto, se não eu não faço, não é real.

Como está?

A verdade é que hoje eu estou bem. Fiquei muito mal todo o verão, antes por como terminou a temporada, aí veio o que aconteceu no verão, o burofax e tudo isso. A verdade é que me arrastei um pouco durante o começo da temporada, mas hoje me encontro bem e com vontade de lutar por tudo o que temos pela frente, empolgado. Sei que esse clube está passando por um momento muito complicado em nível de clube, de time e tudo e é difícil tudo o que rodeia o Barcelona, mas estou empolgado.

É um momento difícil para o clube, como para todo o mundo, mas pelo que sabemos e conhecemos o clube está realmente mal, muito mal e vai ser difícil voltar a estar onde estava.

Voltaria a mandar o burofax?

Sim, é uma maneira de formalizar e oficializar. Você está dizendo que quer ir embora, mas não faz nada para isso. Eu vinha dizendo nos últimos seis meses muitas vezes ao presidente que iria embora, que queria sair, que me ajudasse e ele “não, não, não”. Era uma forma séria de dizer que quero ir. É uma forma de oficializar e que chegue ao clube.

Ficou triste com o que foi dito no verão?

Sim, pois ouvia dizer: “Com tudo o que o clube te ajudou, que te salvou a vida…”. Eu sou um agradecido eterno a tudo isso, como disse recentemente eu também amo o clube, amo minha cidade, Barcelona, e sinto que eu também dei tudo ao clube, muitíssimo. E que tudo o que o clube me deu eu ganhei e mereci pelo que fiz. Depois chegou um momento que eu pensava que havia cumprido um ciclo, que precisava de uma mudança, que minha cabeça precisava sair disso tudo, por causa dos problemas que estavam no clube naquela época, por causa do que estava por vir. Eu sabia que iria ser um ano de transição, de novas pessoas, de gente jovem e, como sempre disse, queria seguir lutando por mais títulos, pela Champions, pelos campeonatos e sentia que era o momento de mudar e queria sair e fazê-lo bem. Depois aconteceu toda essa bagunça, o presidente desse momento não quis e começou a filtrar as coisas para me fazer ficar mal e ser o vilão do filme e aconteceu tudo o que aconteceu. Mas eu sigo tranquilo que o que fiz era o que sentia e o que devia fazer nesse momento.

Bartomeu e Messi no dia da última renovação de contrato do craque do Barcelona, em 2017: duras críticas ao presidente — Foto: Reprodução / Site Oficial

Pensou na torcida do Barcelona?

Sim, foi uma decisão terrível, dificílima de tomar, foi horrível. Não era fácil decidir que sairia do clube da minha vida, que iria mudar de cidade sabendo que melhor que aqui não iria estar porque essa é a melhor cidade para viver em nível do que há aqui, de cidade, clima, tudo… De que minha família não queria se mudar, de que meus filhos não queriam se mudar. Mas sentia que era o melhor nesse momento para mim, para todos, que precisava disso, que havia completado um ciclo e era o momento. Não deveria ter sido tão drástico e deveria ter chegado a uma maneira de fazê-lo bem e que fosse o melhor para o clube e para mim.

Em quais ocasiões Bartomeu o enganou?

(Risos) Em muitas coisas. A verdade que em muitas coisas. Prefiro não tocar no assunto porque não gosto de falar de coisas privadas que aconteceram, não sou de revelar o que foi dito e não prometido, mas posso assegurar que em muitas vezes e em vários anos (ele me enganou).

Em que momento houve um “clique” sobre a saída

Não há um “clique”. É todo um processo. Vocês conhecem bem esse clube, estou aqui há muitos anos, o último ano foi duro. Não ganhar já tinha acontecido. Os anos anteriores também foram difíceis por como fomos eliminados na Liga dos Campeões e tudo isso nos vai levando a essa decisão, mas não há um “clique” em particular, e sim muitas circunstâncias.

Poderia perder na justiça?

Não, pelo contrário. Eu sabia que se fosse a julgamento eu teria razão e muitos advogados me confirmaram, não só um, mas muitos advogados. Mas eu não queria sair do Barcelona dessa maneira.

Quem manda no Barcelona é o Messi?

Isso já se disse há muito tempo, mas também na seleção, que eu escolhia os técnicos, os jogadores, que jogam os meus amigos. É algo que me incomoda que se diga isso e que vire boato que muitos dão como verdade. As pessoas consomem e acreditam em tudo o que sai no jornal ou na TV, que coloco os jogadores em campo, que faço as contratações e a verdade é que tudo está muito longe da realidade.

Ficará se trouxerem Xavi como treinador?

Não sei. Que passem as eleições, que ganhe quem tenha que ganhar e depois tentaremos terminar bem o ano, que possamos ganhar algum título e em julho veremos.

Xavi Hernández e Messi poderiam se reencontrar caso o espanhol fosse nomeado técnico do Barcelona, e o argentino decidisse ficar — Foto: Xavier Bonilla/Getty Images

Vai negociar com outros clubes em janeiro?

Não tenho nada claro até que termine a temporada, vou esperar, se não eu não estaria cumprindo o que disse agora. O importante é pensar no time, terminar bem o ano, pensar em tentar conseguir títulos e não me distrair com outras coisas.

Decisão sobre permanência

Sei que tem muita gente do clube, do Barcelona, a torcida, que ainda me ama, que quer que eu fique no clube. Também sei que há outras pessoas que, depois do que aconteceu, não pensam assim, mas vou fazer o que seja o melhor para o clube e para mim, não tenho dúvidas, e o que o meu coração e minha cabeça digam.

Penso em voltar, vou ficar e morar em Barcelona, e quero voltar ao Barcelona no dia de amanhã porque quando deixar de ser jogador quero estar no clube de alguma maneira, contribuindo em algo que saiba, é o que quero e o que sinto
— Messi

Por que falou em “voltar” a Barcelona?

Sempre disse que tenho vontade de desfrutar da experiência de viver nos Estados Unidos, de viver essa liga (MLS) e essa vida, mas se vai acontecer ou não eu não sei, não é um “agora” e nem “no futuro”.

Está mais feliz agora?

Foi difícil para mim, não estava no lugar onde queria estar, foi difícil me adaptar ao vestiário porque há muita gente nova, dos que me acompanhavam não há ninguém ou poucos, há muita gente de fora, poucos de casa, temos culturas diferentes, somos todos diferentes, isso torna mais difícil unir um vestiário, que seja forte, mas pouco a pouco vamos conseguindo.

O que diria as pessoas se for embora

Não sei se vou sair ou não e, se for, gostaria de ir da melhor maneira, sempre falando hipoteticamente. Gostaria de voltar algum dia, voltar à cidade, trabalhar nesse clube, não tem problema. O Barcelona é muito maior que qualquer jogador, incluindo eu, obviamente. Tomara que o presidente que vier faça as coisas bem para voltar a ganhar títulos importantes.

O que fará quando se aposentar?

Não sei, não pensei, mas será algo relacionado com o futebol, é o que eu gosto. Sei que será no futebol, mas não como técnico. Não me vejo de treinador, talvez de diretor esportivo para trazer os jogadores que queira ou que acho que o clube precise. Veremos.

O final do seu conto

É uma história de amor com o clube e com a cidade. Termine como termine não tem por que manchar o que vivi em toda a minha carreira, não é fácil ter 16 anos de profissional e que tudo tenha corrido bem. Há momentos ruins, muito ruins, mas tudo sempre se supera. Veremos o final.

Fonte: Globoesportes.

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