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sexta-feira, abril 26, 2024

Em resposta à União, MPF defende permanência de imigrantes em ponte no AC e critica falta de solução

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Um dia após a União entrar com pedido de reintegração de posse contra os imigrantes que estão acampados na Ponte da Integração em Assis Brasil (AC), na fronteira com o Peru, o Ministério Público Federal do Acre (MPF-AC) se manifestou pelo indeferimento do pedido liminar.

No parecer, assinado pelo procurador da República Lucas Costa Almeida Dias, o MPF defende o direito dos imigrantes continuarem na ponte e diz que o grupo não oferece risco à segurança nacional.

“Diferentemente do que afirma a União Federal, o grupo que ocupa a ponte, que já chegou a cerca de 500 pessoas, não oferece risco à segurança nacional, tampouco se compõe de pessoas que tenham envolvimentos com tráfico de drogas ou pessoas, não sendo justificada, sequer, a presença da Força Nacional de Segurança Pública no local, pois tratam-se, em sua grande maioria, de pessoas idosas, crianças, mulheres e cidadãos em outras condições de vulnerabilidade que apenas desejam seguir caminho, saindo do Brasil”, diz o documento.

Imigrantes, na maioria haitianos, ocupam a ponte desde o dia 14 de fevereiro na tentativa de seguir viagem pelo Peru.

O MPF diz ainda que há “incoerências da União no tratamento do caso”, uma vez que o governo federal enviou representantes ao local e até o momento não foi apresentada nenhuma solução diplomática. “Tendo sido o ajuizamento de uma ação de reintegração de posse o único movimento concreto conhecido, como se os imigrantes desejassem tomar posse da ponte para seu uso exclusivo, e não manifestar seu desejo e necessidade de seguir viagem”, criticou.

O órgão pediu ainda uma inspeção judicial no local.

Na petição, a União alega que a ocupação da ponte ocasionou, e permanecerá ocasionando, impacto econômico, na saúde pública e no tráfego comercial entre os países. Impedidos de cruzar a ponte, caminhoneiros protestaram, na última quarta-feira (24), contra a ocupação e reclamam dos prejuízos.

Ocupação

A situação dos imigrantes começou a ficar tensa desde o dia 14 deste mês, quando cerca de 300 imigrantes deixaram os abrigos que ocupavam e se concentraram na Ponte da Integração, na fronteira com o Peru. Os imigrantes tentavam deixar o país, mas foram barrados pelas autoridades peruanas.

No dia 16, os imigrantes enfrentaram a polícia peruana e invadiram a cidade de Iñapari, no lado peruano da fronteira. Depois de confronto, o grupo foi reunido pelos policiais peruanos e mandado de volta para Assis Brasil.

A crise imigratória resultou na visita do secretário Nacional de Assistência Social, do Ministério da Cidadania, Miguel Ângelo Gomes, que esteve no dia 19 deste mês em Assis Brasil para ver de perto a situação dos imigrantes que estão no município acreano e tentam atravessar a fronteira para deixar o Brasil.

O representante do governo federal se reuniu com o governador da Província de Madre De Dios, Luis Guillermo Hidalgo Okimura, e o prefeito de Iñapari, Abraão Cardoso. Na conversa, segundo a Agência do Governo do Acre, as autoridades peruanas informaram que o país avalia uma forma de abrir a fronteira para liberar a passagem dos imigrantes, mas que, por enquanto, a fronteira no lado peruano segue fechada.

A cidade ainda abriga mais de 300 imigrantes que estão divididos nos dois abrigos montados na cidade. São cerca de 104 na Escola Edilsa e outros quase de 300 na Escola Irís Célia. Além do grupo que ainda está sobre a ponte.Cidade de Assis Brasil abriga mais de 400 imigrantes — Foto: Arquivo/Prefeitura de Assis Brasil

Cidade de Assis Brasil abriga mais de 400 imigrantes — Foto: Arquivo/Prefeitura de Assis Brasil

Policiamento

Além dos policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar e do Gefron, mais de 12 militares da Força Nacional e mais de 20 policiais rodoviários federais fazem o policiamento na região de fronteira.

Uma portaria do Ministério da Justiça e Segurança Pública, publicada no dia 18, autorizou o emprego da Força Nacional no Acre, no apoio às forças policiais no estado. A autorização é válida por 60 dias e pode ser prorrogada.

A determinação estabelece que as Forças Nacionais devem auxiliar “nas atividades de bloqueio excepcional e temporário de entrada no País de estrangeiros, em caráter episódico e planejado”.Ponte fechada para passagem de imigrantes de Assis Brasil para o Peru — Foto: Arquivo/Prefeitura

Ponte fechada para passagem de imigrantes de Assis Brasil para o Peru — Foto: Arquivo/Prefeitura

Rotas

São duas situações que fazem com que o número de imigrantes cresça na cidade de Assis Brasil; a primeira, a de imigrantes que entraram no Brasil entre 2010 e 2016 em busca de uma vida melhor e, com a crise da pandemia, tentam sair do país para seguir viagem até México, Canadá, Estados Unidos e outros países.

A segunda é que o Peru, mesmo fechando a passagem para a entrada de imigrantes, libera a saída deles para o lado brasileiro, então é uma porta de entrada para venezuelanos.

Sem conseguir passar para o Peru, alguns dos imigrantes retidos no Acre também tentam uma rota alternativa para chegar na Bolívia e de lá seguir viagem. Um grupo de mais de 40 pessoas foi barrado, no final da semana passada, já na Bolívia e mandado de volta por policiais bolivianos ao Acre após tentar fazer a nova rota.

Com informações G1 Acre

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