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sexta-feira, março 29, 2024

Anvisa alega riscos de segurança e nega importação da Sputnik V comprada pelo Acre

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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) negou nesta segunda-feira (26) a importação e a aplicação da vacina Sputnik V, imunizante russo, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, contra a Covid-19.

Em março, o Consórcio Nordeste assinou contrato para a compra de 37 milhões de vacinas da Sputnik V. Logo depois da compra, o governador Gladson Cameli (Progressistas) assinou o Termo de Aquisição de 700 mil doses da vacina Sputnik V, da Rússia.

A compra só foi possível após o Estado do Acre aderir ao Consórcio do Nordeste. A adesão foi intermediada pelo governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB).

A importação foi rejeitada por 5 votos a 0. Todos os diretores seguiram o voto do relator, o diretor Alex Campos Machado, e das áreas técnicas da agência. As principais gerências consultadas, de Medicamentos e Produtos Biológicos; de Monitoramento de Produtos Sujeitos à Vigilância Sanitária; e de Inspeção e Fiscalização Sanitária, recomendaram aos diretores que rejeitassem o pedido de importação.

Tanto o governo federal quanto o Consórcio composto pelos nove estados da região Norte e Nordeste, já adquiriram doses da vacina russa. Municípios do Rio de Janeiro também compraram os imunizantes.

A apresentação que norteou os votos foi feita por Gustavo Mendes, gerente-geral de Medicamentos e Produtos Biológicos, Mendes afirmou que um dos “pontos críticos e cruciais” é, mais uma vez, o risco à segurança em razão dos ditos “adenovírus replicantes”, que, segundo ele, foram encontrados em todos os lotes da Sputnik V vistoriados.

“Isso significa que o vírus que deve ser utilizado apenas para carrear material genético do coronavírus para as células humanas e assim promover a resposta imune, ele mesmo se replica. Esse procedimento está em desacordo com o desenvolvimento de qualquer vacina de vetor viral”, explica Mendes.

Em sua apresentação aos diretores, o gerente citou seis perguntas que disse serem “cruciais” e que não teriam sido respondidas até agora pelos documentos apresentados, diante da presença dos adenovírus replicantes.

Perguntas cruciais não respondidas:

1. Os vírus replicantes podem permanecer por quanto tempo no organismo humano?

2. Em quais órgão e tecidos podem ser encontrados?

3. Podem causar algum dano em tecidos e órgãos? Dependente da quantidade?

4. Esse vírus replicantes podem ser transmitidos a outras pessoas?

5. O que significa em termos de segurança para quem receber a vacina?

6. Risco aumentado de eventos adversos? Tromboembólicos? Outros?”

Para a área técnica, também não foi informada a análise de segurança da vacina aplicada em grupos específicos, como idosos e pessoas com comorbidades.

Segundo a gerente Ana Carolina Moreira, os dados apresentados pelos russos demonstram que, neste momento, o risco inerente à fabricação não é possível de ser superado.

De acordo com Mendes, houve uma falha na estratégia do controle de qualidade e a Gamaleya não demonstrou que controla de forma eficiente os processos para controlar outros vírus contaminantes também. Para a área técnica, também não foi informada a análise de segurança da vacina aplicada em grupos específicos, como idosos e pessoas com comorbidades.

Antes da decisão da Anvisa, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) aprovou a liberação comercial do imunizante russo. A medida foi tomada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), ligada à pasta.

Por Lucas Vitor, do AC24horas.

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