Em mais de um ano de pandemia no Acre, várias ações e campanhas foram desenvolvidas por organizações indígenas, líderes das comunidades, sociedade civil e outros para arrecadação de recursos para compra e distribuição de kits de cesta básica, produtos de higiene pessoal, ferramentas de plantio e materiais de pesca para que os moradores da floresta pudessem fortalecer a produção local.
Uma dessas ações é o projeto social ‘Combate à Covid-19 nas Aldeias Huni Kui’. O objetivo é tentar proteger e evitar que o novo coronavírus se prolifere nas comunidades. Desde o início da pandemia, ao menos 16.450 índios da etnia huni kui já foram atendidos pela ação.
“É um projeto de medidas preventivas para tentar conter o avanço da Covid-19 nas aldeias. É uma ação que presta auxílio tanto com alimentos, como proteção, para tentar manter as comunidades informadas e longe do contágio da doença”, complementa o presidente da Fephac, Ninawá.
Além de evitar a exposição das famílias ao vírus em viagens às cidades para fazer compras, os líderes explicam que as ações sociais visam ainda manter a produção e a vida sustentável dentro das aldeias. O líder indígena, fala que a falta de assistência no início da pandemia fez com que os povos se unissem e ajudassem uns aos outros a sobreviver à Covid-19.
“O índio está ajudando o índio. Foi uma calamidade pública, preocupação, fortalecimento da cultura, da união e vejo que o que mudou no povo foi a unificação que fortaleceu cada vez mais. Produzimos mais, as crianças que só iam para escola aprenderam a plantar e colher as sementes, as safras foram boas, de milho, mandioca, banana”, acrescenta o líder do povo shanenawá, Eldo.
Um dos representantes do povo manchineri, Toya Manchineri, disse que a ajuda veio de todos os lados e que os indígenas ainda tentam se reerguer por causa dos impactos da pandemia nas aldeias.
“O movimento indígena levou muito auxílio às populações indígenas do estado, inclusive a Mamoadate, para que as famílias ficassem lá. Foram doadas cestas básicas, equipamentos de proteção individual, foi instalada uma mini Urap com enfermaria e equipamentos para atendimentos na própria comunidade”, falou o líder.
Ele falou ainda que a sociedade e os próprios índios tem se ajudado. “Houve toda uma movimentação dos indígenas com a sociedade civil, que isso também fez com que os atendimentos fossem feitos e muitas vidas poupadas. Foi índio ajudando índio e a sociedade organizada.”