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sexta-feira, abril 19, 2024

Policiais penais encontram carta de presos com lista de servidores para serem executados no Acre

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Uma carta que vazou na última revelou o pedido de execução de três policiais penais que atuam no Complexo Penitenciário de Rio Branco (FOC). O documento fala para que outro detento faça sua lista com os nomes que desejar para para que a ordem seja cumprida.

O material que foi interceptado é assinado por dois detentos, com destino a outro preso do pavilhão “H”. Eles citam os nomes de três policias e afirmam que a carta deles já foi enviada pela advogada da organização criminosa e que ela deveria procurar por ele para pegar a lista com mais nomes. O motivo para o pedido de execução seria por estarem sendo “oprimidos” dentro do presídio.

O presidente do Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC), Arlenilson Cunha, disse que o caso está sendo apurado e, antes de a carta ser divulgada, dois presos envolvidos nas ameaças já tinham sido transferidos para o presídio de segurança máxima.

Carta foi encontrada em cela na última semana — Foto: Reprodução

Ordem

A carta foi interceptada na última semana por policiais penais durante uma revista na cela. O presidente da Associação dos Servidores do Sistema Penitenciário do Acre (Asspen), Eden Azevedo, diz que os profissionais convivem diariamente com ameaças, mas que eles vão continuar atuando firme no combate ao crime organizado.

“Somos apenas cumpridor da lei. Não legislamos. A gente ressalva que essa carta não intimida, pelo contrário, a gente vai apurar quem são. Vamos pedir para que eles sejam colocados na RDD [Regime Disciplinar Diferenciado]. A ordem é de execução e a carta seria passada para essa advogada, que levaria para alguém que a gente não sabe quem é, e estamos tentando descobrir, e essa pessoa se encarregaria de cometer o crime”, conta.

Sobre o possível envolvimento da advogada citada na ordem para que os profissionais da segurança fossem mortos, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil- Seccional Acre (OAB-AC), Erick Venâncio, informou que, se a notícia for verdadeira e forem apresentadas provas de qualquer ilícito por parte de qualquer advogado, a OAB instaurará o competente processo ético-disciplinar. “A instituição não permitirá que a livre atuação profissional seja cerceada, sob qualquer aspecto”, destacou.

Iapen apura ameaças e veracidade da carta — Foto: Reprodução

Envolvidos

Azevedo diz que a principio são três presos envolvidos, pelo teor da carta, mas, acredita que tem mais outros envolvidos e apuram o andamento das investigações. Já o Iapen disse que não pode passar mais detalhes para não atrapalhar as investigações.

Além disso, o representante da categoria afirma que as ameaças são constantes aos profissionais.

“Nós somos ameaçados constantemente, virou rotina. Quando tem uma situação dessas, a gente só aumenta a vigilância, e quando é muito precisa, o próprio Iapen dá afastamento ao servidor e, em alguns casos, disponibiliza até segurança, mas depende muito da inteligência”, acrescenta.

Além disso, ele afirma que as investigações devem apontar quem é a advogada que os detentos citam várias vezes na carta. Ela já teria levado uma carta e levaria a do outro preso do pavilhão H, a quem era destinada a carta que foi encontrada.

“Isso não vai parar, pelo contrário. Mas, a gente vai continuar com nossa rotina de combater o crime organizado. Está sendo feita a investigação para chegar nessa advogada e no possível autor do crime para quem a carta seria entregue”, acrescentou.

‘Carta não vazou da inteligência’

O presidente do Iapen, Arlenilson Cunha, disse que a inteligência apura o caso, e ressalta que o material não vazou de lá e defende a idoneidade dos profissionais.

“No entanto, a inteligência já vem levantando sobre essa questão de ameaça a policiais penais. Já foi adotada a primeira medida e foram transferidos dois detentos para o presídio de segurança máxima e a gente continua investigando”, diz.

Cunha afirma ainda que os servidores que tiveram os nomes envolvidos estão em alerta e o Iapen continua com as investigações, inclusive, sobre a veracidade da carta.

“É importante esclarecer que antes de surgir essa carta na imprensa, já vinha sendo apuradas possíveis ameaças a policiais penais. E as medidas já estavam sendo adotadas, é importante esclarecer que essa carta não tinha chegado na inteligência e não vazou da inteligência. Estamos apurando a veracidade da carta porque pode ser até que um preso tenha jogado lá para chamar a nossa atenção, assim como as ameaças e os servidores em questão foram cientificados e estão em alerta”, pontou.

O diretor do Iapen afirmou que os profissionais em questão foram apenas trocados de posto, mas continuam exercendo as funções normalmente.

“Ninguém foi afastado porque não tem elementos que indicam que esteja no vermelho. A nossa profissão já requer a nossa atenção constante, e quando tem esse tipo de coisa a gente fica em estado de alerta”, explica.

Cunha afirma ainda que o caso é compartilhado com outras forças de segurança que também devem apurar a situação. A assessoria de comunicação da Polícia Civil informou ao G1 que ainda não recebeu nenhum pedido oficial para a investigação do caso.

Com informações do G1 Acre.

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