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quinta-feira, abril 18, 2024

Rodrigo Damasceno, médico que viralizou ao atender bebê dentro da água em cheia no AC pediu afastamento após transferência sem consulta

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Rodrigo Damasceno, médico ginecologista obstetra, da cidade de Tarauacá, usou suas redes sociais, nesta última semana para anunciar que irá se afastar de suas funções por algum tempo. De acordo com o médico, a decisão, ocorreu devido à sua transferência para outra cidade para fazer uma cirurgia, sem que fosse consultado antes.

No início deste ano, em fevereiro, Rodrigo acabou viralizando nas redes sociais após de ser fotografado enquanto fazia o atendimento de uma mãe e um bebê de dois anos, com água na cintura, durante a enchente do Rio Tarauacá, quando o município de mesmo nome, estava com 90% de seu território atingido pelas águas.

Segundo o médico, ficou sabendo pouco mais de dois meses depois do episódio, por meio da imprensa, que seria transferido, e então que só depois recebeu um documento da Secretaria Estadual de Saúde do Acre (Sesacre) com as informações sobre a mudança.

“Aconteceu agora de me transferirem para Feijó. Não sou contra em trabalhar lá, mas o problema foi a forma como fui transferido. Não questionei nem o deputado pela forma que fui transferido, mas não achei certo ele ser a primeira pessoa a ter acesso a isso, é minha vida funcional, divulgou isso na segunda e só fui notificado na quinta”, relatou.

Até o momento, a Sesacre não se manifestou,

Desabafo

O médico escreveu um desabafo e disse que está cansado e por isso irá tirar um tempo para descansar, afirmando que o pedido de afastamento das funções será sem ônus para o estado.

“Desde o começo do meu trabalho em Tarauacá, venho enfrentando algumas resistências e elas só têm me impulsionado a ir para cima e lutar contra essa politicagem que infelizmente ainda reina em nosso município”, desabafou.

Rodrigo, afirmou que não foi consultado acerca dessa transferência, e na sessão desta última terça-feira (11), o profissional teria sido chamado de “mercenário” pelo deputado Sgt Cadmiel Bomfim (PSDB).

De acordo com o deputado, em sua declaração ele referiu ao fato de que Damasceno fez concurso para o município de Feijó, no interior, porém só atua na rede pública de Tarauacá. Já que em Feijó, o médico atenderia apenas em um consultório particular.

“Falei sim, chamei ele de mercenário porque quando é para trabalhar no [setor] público não quer ir, arruma um monte de desculpas. Ele fez o concurso para Feijó, que é minha cidade, e nunca trabalhou lá, sempre arranjando desculpas e tem uma clínica na cidade, onde atende no particular. O Ministério Público tem até que ver isso porque se a pessoa faz um concurso público para uma cidade é porque há necessidade de médico lá. Nunca assumiu o contrato dele”, disse.

Após a fala do deputado, o Sindicato dos Médicos do Acre (Sindmed-AC) irá pedir que o conselho de ética da Assembleia Legislativa (Aleac) faça uma investigação sobre a declaração do deputado.

Contratos

Rodrigo contou que soube da declaração do deputado através da internet. E afirmou que realmente tinha um contrato em Feijó e outro contrato em Tarauacá, porém atuava apenas no hospital de Tarauacá.

De acordo com o médico, seu contrato de Feijó foi transferido para o município de Tarauacá há seis anos. E somente a pouco mais de um ano, teria aberto um consultório particular em Feijó para atender a população.

“Trabalho no município de Tarauacá com os dois contratos. Sou o único especialista que tem na região, mas não consigo dar conta da demanda dos dois municípios porque precisa de mais profissionais atuando. Não concordo com a forma e nem de ele ter me chamado de mercenário, como se eu tivesse fazendo partos no particular e não faço, só faço exames”, afirmou.

Damasceno explicou ainda que foi informado na quinta-feira (6) pela Sesacre de que vai ser transferido para atender no hospital de Feijó. Contudo, segundo o médico, o deputado Cadmiel fez uma postagem falando sobre a transferência na segunda-feira (3), antes de ser comunicado oficialmente.

Nesta última sexta-feira (7), o médico entrou com um pedido de afastamento sem ônus, para poder fazer a operação de um dos ombros. E revelou ainda que não obteve nenhuma resposta da Sesacre.

“Protocolei o pedido de afastamento dos dois contratos, que é justamente para tratar do ombro e dar uma esfriada na cabeça pela forma como a Sesacre me tratou, mas, em nenhum momento questionei o fato de ajudar [a saúde de] Feijó. Mas, que fique claro, só eu indo para Feijó não resolve o problema, vou tirar apenas três plantões de 24 horas, se não for um anestesiologista não vai resolver porque vamos precisar”, concluiu.

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