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Com 14 cães e sob comando feminino, CPCães realizou apreensão de mais de 100 quilos de drogas em 2021

Dentre as várias notícias policiais divulgadas diariamente, algumas chamam atenção por funcionários não só eficientes, mas fofos e fotogênicos, são os cachorros da Companhia de Policiamento com Cães (CPCães) do Bope no Acre. Criado em 2004, com apenas uma cadela, o órgão possui hoje 14 cães prontos que foram responsáveis pela apreensão de 108.227 quilos de droga em cerca de 70 operações no estado, em 2021.  Somente em Rio Branco, cerca de 480 quilos de entorpecentes foram apreendidos com o trabalho dos cães.

Com dois cachorros em treinamento, a CPCães recebeu ainda a quantia de R$100 mil, repassada pela Secretaria de Estado da Justiça e Segurança Pública (Sejusp) para aquisição de novos cães ainda neste ano. Com faro e audição aguçados os cachorros se mostram essenciais na otimização e na qualidade de várias operações policiais. A revista individual de bolsa por bolsa, em um ônibus, leva em média 2h a 2h30 de duração quando feita por humanos. Com os cães treinados, o serviço é realizado em cerca de 20 minutos e com mais precisão. É o explica o  Sargento G. de Queiroz,  policial e adestrador que atua na CPCães desde 2009.

“O trabalho com os cães é essencial no trabalho policial. Primeiro porque é como se fosse uma ferramenta que amplifica todos os nossos sentidos, tanto o faro, quanto a capacidade visual auditiva. Mas para trabalhar com cão, só quem realmente gosta,  só quem se interessa pelo animal. Só aplicar técnicas não é suficiente não”, explica.

Comando feminino, novas ações

Em outubro a CPCães ganhou uma nova pessoa no comando.  A Tenente Patrícia Costa, é a primeira mulher a assumir um cargo deste patamar dentro do Bope, no Acre.  Para trabalhar no local, além da especialização policial, os profissionais possuem um trabalho específico para formar e trabalhar com cães, Patrícia possui tanto o curso de cinotecnia quanto o de faro. O órgão possui hoje 12 policiais habilitados e começou um novo serviço neste mês, a cinoterapia.

“Reconheço que por ser mulher há uma certa dificuldade, fazer um curso operacional e atuar no mesmo patamar do efetivo mascuilino, não é fácil, é difícil, você tem que se doar e querer. E hoje, na CPCães, com certeza quero ampliar nossos trabalhos, porque alguns viam nossos cães apenas como cães de faro, mas na verdade não, temos cães de faro, de patrulha que logo estarão nas ruas de Rio Branco com a guarnição durante o dia, temos cães de guarda e a cinoterapia”, destaca a nova comandante.

A técnica da cinoterapia defende os cachorros como seres que contribuem em tratamentos terapêuticos. A Tenente explica que a aplicação do método melhora o bem estar do ambiente levando leveza e tranquilidade.  “Isso facilita para que o médico entre  com a parte química de medicamentos e com certeza o paciente terá uma resposta imunológica maior. A cinoterapia é comprovada através de estudos científicos que aumenta a resposta imune dos pacientes nos tratamentos”, afirma.

O serviço começou a ser realizado em outubro deste ano, semanalmente, com as crianças em tratamento de câncer, na Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) e já está com planejamento pra ajudar os internados do Hospital de Saúde Mental do Acre (Hosmac). O trabalho pode ser solicitado ao Bope por qualquer instituição médica pública ou privada de Rio Branco. Neste trabalho, a seleção dos cães também deve ser criteriosa, a partir dos pacinetes com o qual eles vão interagir.

“Na Unacon, levamos cães que interagem com criança, que fazem bricandeiras, que a gente dá comandos e ele obedece aos comandos no sentido de brincar mais com a crianla. Já no Hosmac eu preciso de um cão mais calmo, mais carinhoso e que a interação dele seja moderada, não seja tão agitado quanto com o opúblico infantil”, explica Patrícia.

Além da Cinoterapia, a comandante afirma que logo poderemos ver também os cães da patrulha, que são cachorros treinados para acompanhar os policiais no patrulhamento nas ruas. São bichos dóceis, mas que respodem aos comandos policiais como em casos de ataque. Os cães de patrulha funcionam como uma forma uma arma de menor potencial agressivo.

A origem da CPCães

Desde 2017 os cães do Bope moram em canis na sede na  região do Ipê; Lá eles possuem cuidadores responsáveis pela alimentação, higienização e monitoramento da saúde dos bichos, como alteração das fezes, etc. Bem tratados, eles possuem alimentação em horários específicos, bebem água com qualidade verificada e possuem o plano vacinal sob controle. Entretanto, nem sempre foi assim.

O sargento Queiroz conta que na formação do Pelotão de Choque, em 1974, a equipe teve reforço de cães treinados. Mas logo o serviço foi suspenso, pela falta de efetivo qualificado e de apoio.

Foi apenas em 2004 que levaram outro cachorro para a equipe, ou melhor, uma cadela. “Foi quando o coronel comprou uma cadela, da raça labrador e trouxe porque tinham uns policiais que já tinham feito curso na área e começaram a trabalhar a cadela, formaram ela para fazer faro de entorpecente. Hoje o mesmo cão faz faro de arma e entorpecente”, relata o sargento.

Em 2009 a policia recebeu a doação de mais quatro cães, mas que acabaram sendo dispensados por não terem capacidade de exercer as atividades necessárias do trabalho.  A partir de 2010, os próprios policais começaram a comprar alguns cachorros e realizar o treinamento.

“E de lá para cá nós viemos formando novos cães, aumentando efetivo e qualificando policiais na área que a gente precisa.  Desde de 2004 começou a companhia com uma cadela só – que já se aposentou . Em 2014 construíram os canis, que virou a nova sede até hoje”, recorda.

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