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quinta-feira, abril 18, 2024

Consciência Negra: Pesquisadora do Acre explica como racismo está presente em expressões do dia a dia

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“Cor do pecado”, “trabalho de preto”, “criado mudo”, “denegrir”, “fazer nas coxas”, “humor negro” e “não sou tuas negas”. Pode ser que em algum momento você já tenha usado uma dessas expressões em seu dia a dia. Mas, você sabia que elas são consideradas racistas?

O dia 20 de novembro foi escolhido como Dia da Consciência Negra porque foi a data da morte do líder Zumbi dos Palmares, que lutou contra a escravização no Brasil.

A data é a recordação da importância de refletir sobre a posição dos negros na sociedade. As gerações de afro-brasileiros que se seguiram ao período da escravização sofreram e ainda sofrem preconceito em vários níveis.

E a nossa língua ainda tem forte influência da escravização. É o chamado racismo sutil que é reproduzido por gerações e que precisa ser debatido.

Neste dia, o g1 conversou com Andressa Queiroz da Silva, professora de Língua Portuguesa da educação básica do estado do Acre, mestre em Letras pelo programa de pós-graduação em letras – PPGLI-Ufac e pesquisadora do Núcleo de estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi-Ufac). Ela falou da importância desse debate e desconstrução.

“As expressões de cunho racista nos mostram que essas construções só são possíveis devido a existência do racismo que continua se perpetuando, seja pelas expressões ou por outros mecanismos. O racismo não é uma simples ideologia, é uma estrutura que foi construída e que continua se difundindo. Temos visto que o racismo age de maneiras bem diversas, uma vez que está intrínseco em diferentes segmentos da nossa sociedade”, destaca.

Ela enfatiza ainda que hoje a língua é uma herança do regime escravocrata do país e que muitas vezes isso não chega nas escolas ou em debates do convívio social.

“Como fala o Prof. Dr. Gabriel Nascimento, nós não falamos nossa língua, nós falamos a língua que nos deram, a Língua Portuguesa. A língua, ela não deve ser compreendida como um estrutura solitária e que não sofre influência e que não influencia a sociedade. A construção da nossa língua, a portuguesa, foi resultado de um processo de colonização do país e como essa colonização tinha por base o racismo contra os povos negros africanos, a nossa língua vai expressar de alguma maneira o racismo.”

Andressa diz ainda que a forma de quebrar esse ciclo é falando sobre isso nos diversos meios que temos; em casa e, principalmente, nas escolas. Ela defende que é preciso reconhecer nossa língua para que essa realidade seja mudada.

Expressões que carregam racismo são divulgadas pelo Neabi — Foto: Reprodução

“Como cidadã, pesquisadora e educadora, primeiramente eu deixo de utilizar determinados termos que têm conotações racistas. Além disso, na sala de aula e nas pesquisas, busco sempre mostrar as contribuições na língua dos povos africanos e indígenas que é tão forte ao ponto do nosso português – o brasileiro – ser muito diferente do português europeu. No nosso vocabulário há uma rica expressão de palavras de origem africana e indígena.”

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