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quarta-feira, abril 17, 2024

La Ninã antecipa chuvas intensas no Acre e cheias acentuadas podem ser registradas em 2022

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É comum no chamado “inverno amazônico”, as chuvas se potencializarem no Acre, porém, este ano essa intensidade foi registrada ainda mais cedo. O g1 consultou professores do grupo de pesquisa em recursos hídricos, meio ambiente e geografia e riscos da Universidade Federal do Acre (Ufac) para saber o motivo desse fenômeno e eles destacam os impactos causados pelos dois fenômenos que o Acre enfrente em um ano: seca severa e cheias dos rios.

Os estudiosos explicam que o fato de estarmos passando pelo La Niña (“a menina” em espanhol) contribui para esse aumento. A principal característica do fenômeno é o resfriamento da superfície das águas do Oceano Pacífico.

“Eventos como o El Niño e La Niña modificam o padrão climático de diversas regiões do planeta, especialmente do Brasil. Na região Norte, nos anos de La Niña, aumentam-se as chances de potencialização das chuvas. Estamos atravessando, assim como aconteceu no ano passado, um evento de La Niña. Além disso, a ocorrência de uma ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul) também influenciou para a antecipação de tais eventos. Com o aumento das chuvas, provoca-se, consequentemente, aumento no volume dos rios”, destaca o grupo.

Seca e cheia dos rios

Os rios também tiveram considerável aumento nos últimos dias. Em Rio Branco, por exemplo, o nível do rio chegou a 8,55 metros na manhã desta sexta-feira (17), sendo que a cota de alerta é de 13,50 metros e a de transbordo 14 metros. Já com relação a chuvas, foram 84,8 milímetros nas últimas 24 horas. A Defesa Civil Municipal de Rio Branco informou que o esperado para todo o mês de dezembro é 262,5 milímetros.

Realidade completamente diferente do registrado em 29 de agosto deste ano, quando o Rio Acre se aproximou da menor cota registrada na história, quando marcou 1,33 metro. O nível do rio chegou a 1,30 metro, menor marcação já registrada desde 1971 – ano em que o manancial começou a ser monitorado – no dia 17 de setembro de 2016.

A prefeitura chegou a decretar estado de emergência nas comunidades rurais, que ficaram desabastecidas. A Coordenação Municipal da Defesa Civil informou que, neste período de seca, foram atendidas, com abastecimento de água potável, 17 comunidades rurais e ainda dois bairros da zona urbana. Ao todo, mais de 8,3 mil pessoas foram atendidas com a operação.

Inmet emitiu mais um aviso de chuvas intensas para sexta e sábado no Acre  — Foto: Reprodução/Inmet

Chuvas intensas

Em novembro, o cenário no estado começa a mudar e as chuvas começam a ser registradas de forma mais frequente. Nesta sexta, mais uma vez o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta de chuvas intensas para todo o estado. O aviso vale até às 11h de sábado (18). Durante esse período, pode ocorrer chuva entre 30mm/h e 60 mm/h ou 50 e 100 mm/dia, ventos intensos (60 km/h-100 km/h). Há também risco de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos e de descargas elétricas.

As regiões Norte e Nordeste tendem a ficar mais chuvosas durante a ocorrência do La Niña, enquanto que as chuvas ficam menos frequentes no Sul. Outra característica do fenômeno no Brasil é deixar as temperaturas mais amenas e o clima mais seco no Sudeste e no Centro-Oeste.

Para o grupo, com base no atual cenário há a possibilidade de o estado registrar cheias acentuadas no ano que vem.

“Com o aumento das chuvas e o consequente aumento do volume de água nos rios, há sim perspectiva de cheias nos rios acreanos para os meses de janeiro/fevereiro de 2022. Dada a intensidade do evento La Niña e de outros fatores que interferem no regime hidrológico, a expectativa é que não seja tão intensa quando no início de 2021. Mas deve, sim, causar perturbações de ordem social e econômica”, destaca.

Reforço do monitoramento

Para tentar amenizar os impactos à população, os pesquisadores sugerem que os órgãos públicos usem a estrutura da melhor forma, inclusive, reforçando esse monitoramento nas cidades do interior do estado, que, às vezes, acabam não tendo um monitoramento mais detalhado como ocorre na capital.

“O estado do Acre já dispõe de uma estrutura bastante eficiente de monitoramento de eventos extremos. Porém, com maior concentração em Rio Branco e cidades vizinhas do baixo Acre. Com isso, a criação de um grupo de monitoramento e resposta nos demais municípios pode atenuar os impactos causados pelos eventos extremos (tanto de cheia quanto de seca).”

Porém, além das medidas públicas, é preciso consciência coletiva de quem ocupa esses espaços. Os estudiosos alertam que muitas ações humanas acabam contribuindo para a piora de eventos extremos no nosso estado.

“Desmatamento, ocupação desordenada, ocupação das margens e poluição dos rios e igarapés, desperdício de água etc. Dessa forma, é preciso que haja um planejamento em longo prazo no intuito de envolver governos e a sociedade para o uso racional dos recursos”, pontua.

  • Fonte: g1.
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