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Moro diz que prescrição do caso tríplex não torna Lula inocente

BRASILIA, BRAZIL - MARCH 30: Brazilian Justice Minister Sergio Moro looks on during an interview on March 31, 2020 in Brasilia, Brazil. Sergio Moro, said today April 23, 2020, that he will leave the government if the President Jair Bolsonaro goes through with his decision to change the Federal Police Chief Mauricio Valeixo. (Photo by Andre Coelho/Getty Images)

RIO — O pré-candidato à Presidência da República pelo Podemos, Sérgio Moro, disse nesta quinta-feira, 9, que a prescrição da pretensão punitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do tríplex do Guarujá não é um reconhecimento de inocência. Para ele, decisões relacionadas à Operação Lava Jato estão sendo anuladas por “motivos formais”.

“A anulação é por motivos formais. Alguém falou que teve uma prova fraudada? Que teve algo sonegado da defesa do presidente? Não tem isso nem na decisão que o Supremo Tribunal Federal (STF) proferiu em relação a ele. O que tem é o reconhecimento da prescrição. Passou o tempo hábil para poder ser julgado. E o escândalo de corrupção está lá”, disse Moro, durante fala no lançamento de seu livro Contra o sistema da corrupção em um teatro na zona sul do Rio de Janeiro.

O Ministério Público Federal (MPF) reconheceu recentemente a prescrição da pretensão punitiva no caso triplex do Guarujá , manifestando-se à Justiça Federal de Brasília pelo arquivamento da ação contra o ex-presidente. No documento, a procuradora Marcia Brandão Zollinger apontou a extinção da punibilidade do petista com relação aos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro que lhe foram imputados.

Moro citou também a recente decisão do STF de anular, por 3 votos a 1, uma condenação contra o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral. Os ministros consideraram que não é da competência do juiz federal Marcelo Bretas conduzir o processo que condenou o ex-governador do Rio de Janeiro por corrupção na área da saúde.

“Então Sérgio Cabral não roubou o Estado?”, questionou Moro, gerando risadas na plateia do teatro. “Não vou dizer que o Cabral é inocente porque foi anulada formalmente uma decisão, após vários anos. Da mesma forma, sobre o presidente, a anulação é por motivos formais”.

O juiz Marcelo Bretas, que estava na plateia do evento no Rio, foi aplaudido pelo público do teatro. “Hoje, Bretas é uma desses ‘vilões’, perigosos juízes sedentos de poder”, ironizou o ex-ministro.

Moro afirmou que as decisões do Supremo estão enfraquecendo o combate à corrupção, citando ainda decisão relacionada ao ex-deputado Eduardo Cunha. Para ele, é necessário respeitar o sistema de Justiça, magistrados e ministros. “Mas tem algo de errado quando um caso grande de corrupção não tem tratamento mais severo pelos Tribunais”, afirmou.

Foi a quarta cidade em que Moro passou na agenda de lançamento do livro, após evento realizado em Curitiba (PR), Recife (PE) e São Paulo (SP). Na capital fluminense, os ingressos para acompanhar a fala de Moro custavam R$ 95 incluindo o livro autografado e um bloco de anotações. O ingresso avulso custava R$ 80 e a meia-entrada, R$ 40.

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