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Txai Macedo diz que devolverá medalha de mérito indigenista, lideranças criticam concessão ao presidente

Reconhecido no Acre como uma das pessoas responsáveis por grande número de demarcações de terras indígenas, o sertanista aposentado da FUNAI, Antônio Macedo, ou simplesmente “Txai Macedo” diz que devolverá medalha de mérito indigenista em protesto a concessão da honraria ao presidente Jair Bolsonaro.“Vamos devolver em protesto a chuva de medalha que saiu aí como mais uma atitude absurda de Bolsonaro”, escreveu por mensagem Txai Macedo.

Um dos maiores sertanistas e indigenistas do país, Sidney Possuelo, ex-presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), também optou pela devolução da honraria em protesto à concessão ao presidente.
Possuelo que recebeu a medalha há 35 anos disse que a medalha “perdeu a razão de ser”, ao ser concedida a alguém que já manifestou publicamente seu desprezo pelos povos indígenas do país. Ainda quando deputado, Bolsonaro disse que “a cavalaria brasileira foi incompetente, competente sim, foi a cavalaria americana que dizimou seus índios no passado e hoje não tem esse problema no país”.

A medalha foi concedida ao presidente por meio de despacho do ministro da Justiça, Anderson Torres no “Diário Oficial da União” nesta quarta-feira (16).
Instituída em 1972, a condecoração, é concedida a pessoas que se destacam pelos trabalhos de proteção e promoção dos povos indígenas brasileiros. Contudo, Bolsonaro tem sido criticado por sua atuação em relação aos povos indígenas.

“O cara fala que não irá demarcar um centímetro de terra indígena, libera a entrada de garimpeiros em terras indígenas, preconceituoso com os povos indígenas e ainda recebe uma medalha de mérito indigenista. É uma afronta à nossa inteligência emocional”, disse indignado a jovem liderança Iskunkua do povo Yawanawá em um vídeo em sua conta no Instagram.

Protestos indignados à concessão da medalha ocorreram por todo país. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil afirmou que irá entrar com ação judicial para anular a concessão.
“É uma afronta. É claro que é uma afronta total ao movimento indígena, ao ato pela terra, a tudo que a gente está fazendo para contrapor todas essas maldades desse governo. A Apib vai emitir uma nota de repúdio e entrar com uma ação judicial para anular esse ato. Um absurdo totalmente descabido. Recebe essa medalha quem luta junto e defende a causa indígena não quem trabalha para destruir”, afirmou Sônia Guajajara, coordenadora do movimento.

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