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sexta-feira, abril 26, 2024

Algodão produzido no MT pode acessar portos do Peru pelo Acre e impulsionar plantações da commodity

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O Acre poderá viver nos próximos anos uma nova experiência no setor econômico e no campo com a chegada de uma nova commodity, o algodão. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que o algodão produzido no Mato Grosso pode acessar os portos peruanos, passando pelo Acre. Isso, semelhante à soja, pode impulsionar a plantação do produto no estado.

De acordo com estudo divulgado em março deste ano, “um importante elo de interconexão do Brasil com o Peru é o estado do Acre, cujas relações de fronteira com o país vizinho são estratégicas. Destaca-se que, na última década, o Peru tem sido um dos dois principais destinos das exportações do estado. Nos dois últimos decênios, a execução de projetos de infraestrutura no estado permitiu uma maior integração com o Peru”, dizem os pesquisadores Pedro Silva Barros, Luciano Wexell Severo, Alexandre Gervásio de Sousa e Helitton Christoffer Carneiro.

Por outro lado, eles afirmam que “a inauguração da ponte do Abunã, em maio de 2021, foi um marco logístico para o Brasil, pois permitiu, pela primeira vez, que o transporte desde o Mato Grosso e Rondônia até os portos do sul do Peru, cruzando o Acre, ocorresse em sua totalidade pelo modal rodoviário, por vias e pontes pavimentadas, sem a necessidade de interrupções ou utilização de balsas e barcaças”.

Ainda de acordo com o estudo, a melhoria da infraestrutura em cidades como Assis Brasil, com a ponte ligando o lado brasileiro ao lado peruano, impulsionou os fluxos comerciais bilaterais e destaca: “com a conclusão da pavimentação da estrada peruana que conecta Puerto Maldonado a Cusco, em 2010, e da construção da ponte Billinghurst sobre o rio Madre de Dios (que conforma o rio Madeira ao encontrar-se com o rio Abunã), em 2011, a interconexão do Acre foi concluída, ligando Assis Brasil aos portos de Matarani e Ilo, no sul do Peru. O Acre pode se tornar, nos próximos anos, um hub logístico e produtivo entre os portos peruanos do Pacífico e a Bolívia, a oeste e a sul, e a hidrovia do Madeira, Rondônia, Amazonas e estados do Norte e Centro-Oeste brasileiro, a norte e a leste, com potencial muito além de mera passagem de cargas”.

Os portos de Matarani e de Ilo ficam a menos de 1.200 quilômetros de Assis Brasil, isso trará um barateamento dos custos de logística. Atualmente o algodão produzido no Mato Grosso segue para Santos, no litoral de São Paulo. “Caso sejam realizadas as devidas adaptações nos terminais portuários peruanos, os produtos do extremo oeste do Brasil poderiam chegar ao mercado asiático com uma significativa economia entre dez e quinze dias quando comparada com os produtos que saem pelo Atlântico e que percorrem os trajetos tradicionais pelo oceano Índico ou pelo canal do Panamá”.

Os pesquisadores destacam também que a fronteira do algodão já está em ascensão no estado vizinho de Rondônia. Vilhena já desponta no cenário nacional como um dos produtores da commodities. “A referida cidade, situada na fronteira sul do estado de Rondônia, na divisa com o estado do Mato Grosso, exportou, em 2020, um total de US$ 74,4 milhões, ou 2% das vendas de algodão brasileiro para o exterior”.

Por fim, a nota técnica ‘A Dinâmica Recente do Algodão no Mato Grosso: possibilidade de exportação para o Peru e a Ásia-Pacífico’ revela: “Percebe-se, portanto, que a viabilização da exportação de algodão pelos portos do Pacífico pode estimular o desenvolvimento de outras cadeias produtivas com grande potencial na região, possibilitando um ganho de escala nas operações logísticas de importação e exportação. Entre os setores produtivos com potencial de desenvolvimento, destacam-se os produtos cárneos, especialmente a exportação de carne bovina congelada e refrigerada”.

  • Da redação do Notícias da Hora.
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