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sexta-feira, abril 26, 2024

Aos 51 anos, homem transforma hobby em renda e cria loja no Acre de acessórios feitos artesanalmente com couro

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O hobby que se transformou em uma maneira de ganhar dinheiro extra em um dos períodos mais críticos da pandemia. Foi assim que surgiu a loja on-line de Auricélio Damasceno, de 51 anos, que trabalha fazendo acessórios artesanais usando couro bovino, sem a interferência mecânica.

Apesar de o empreendimento ter iniciado em janeiro do ano passado, ele conta que sempre foi apaixonado pela arte e que ela sempre esteve presente em sua vida. Com os anos, ela ficou um pouco de lado, mas a paixão reacendeu quando ele passou a pesquisar sobre o artesanato usando o couro.

“Trabalho em uma clínica médica e nas horas de folga consigo fazer o artesanato. Enquanto eu buscava uma forma de ganhar uma renda extra, encontrei o couro e foi com o que mais me identifiquei. Começou mais como um hobby, mas depois algumas pessoas começaram a ver, indicar e aí virou uma renda extra”, conta.

Damasceno é formado em física na Universidade Federal do Acre (Ufac) e trabalha em uma clínica, na parte administrativa, onde ele também é sócio. A ideia, segundo ele, é fazer com que o artesanato se torne a renda principal.

Todos os produtos são feitos à mão  — Foto: Arquivo pessoal

Todos os produtos são feitos à mão — Foto: Arquivo pessoal

Atualmente, as peças são vendidas pelas redes sociais, feitas por encomenda ou quando ele disponibiliza algumas que têm em estoque. Os valores do produto variam de R$ 60 a R$ 120.

Para ele, uma das maiores dificuldades é a aquisição da matéria-prima para a confecção dos produtos, que podem ser carteira, porta cartões, case para isqueiros e pulseira de relógio.

“No caso, em Rio Branco só tem uma sola grossa que não dá pra fazer o trabalho pelo qual preferi. Até tem um tipo de couro que dá pra fazer a peça mais rústica, mas esse material que eu uso sempre compro em São Paulo, Rio Grande do Sul ou de Minas Gerais”, diz.

Ele disse ainda que os outros insumos, como as linhas usadas, as ferramentas, porque tudo é costurado à mão. “Não tem interferência mecânica, por isso, os insumos são difíceis, porque o frete também fica nas alturas”, completa.

Matéria-prima para confecção de acessórios são comprados fora do estado — Foto: Arquivo pessoal

Matéria-prima para confecção de acessórios são comprados fora do estado — Foto: Arquivo pessoal

O número de encomendas mensais é muito relativo, segundo o empreendedor, mas chega a 10. Além disso, ele participou do 1º Festival 068, que ocorreu no último fim de semana, e reuniu mais de 40 empreendedores locais.

Para Damasceno, tornar o negócio na renda principal, vai além do valor material. Ele diz que o trabalho manual acaba sendo uma terapia.

“Sei que ainda tenho um caminho grande a percorrer, mas pretendo continuar com o trabalho e transformar em renda principal, até porque não é só pelo dinheiro, mas também pela questão do prazer em fazer isso. Tanto, que, às vezes, mesmo sem ter encomenda, faço alguns modelos diferentes, que nunca fiz, e posto na página também”, conta.

Acessórios são vendidos na página do Instagram  — Foto: Reprodução/Instagram

Acessórios são vendidos na página do Instagram — Foto: Reprodução/Instagram

De pai para filha

O empreendedor conta que uma das filhas também herdou o amor pela arte e trabalha com materiais em resina. Os dois começaram juntos, produzindo algumas pulseiras, mas a jovem de 24 anos se identificou mais com aquele material.

Ela também participou da feira ao lado do pai. Além disso, ele diz que faz um curso de segurança do trabalho com ela no Instituto Federal do Acre (Ifac). Questionado se não temeu mudar de área aos 50 anos, ele diz que a idade não pode limitar o que cada um deve fazer.

Trabalho é feito todo manualmente, sem intervenção mecânica — Foto: Arquivo pessoal

Trabalho é feito todo manualmente, sem intervenção mecânica — Foto: Arquivo pessoal

“O que diz onde as pessoas podem chegar não é a idade, é a força de vontade. Tenho 51 anos, tenho uma faculdade terminada há algum tempo, minha filha se inscreveu e me inscreveu também em técnico de segurança na área de trabalho no Ifac e estamos fazendo, muito embora eu perceba que as perspectiva nessa área são maiores para ela e não pra mim, mas o que vai determinar não é a idade, o que vai contar é a força de vontade e determinação”, pontua.

Para fazer os acessórios coloridos, ele conta que compra o couro que passa por um processo de tratamento e, por isso, vem colorido. Segundo ele, não compensaria o gasto com os insumos para tingir o chamado couro cru.

“Comprando o couro já tingido, não preciso fazer mais nada, só cortar e costurar, porque é tudo feito à mão, sem intervenção mecânica.”

Peças são feitas por encomenda e postadas em rede social  — Foto: Arquivo pessoal

Peças são feitas por encomenda e postadas em rede social — Foto: Arquivo pessoal

Legado

Pai de três filhos, sendo duas mulheres de 24 e 26 anos e um menino de 7, ele diz que pretende deixar tudo estruturado para que o mais novo tome conta da empresa por meio da arte.

“O nome da minha loja, que é TL Couro e Arte, faz uma homenagem ao meu filho Téo Lucas, que tem 7 anos, e que eu já disse que vou fazer a empresa, deixar estruturada para quando ele tiver maior, ele mesmo tocar o negócio. Essa é minha intenção”, finaliza ao dizer que pretende deixar um legado de arte de pai para filho. “A arte está no sangue”, complementa.

  • Fonte: g1 Acre.
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