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Maio laranja: psicóloga cruzeirense explica como o abuso sexual infantil pode refletir na vida adulta das vítimas

No dia 18 de maio de 1973, uma menina de oito anos de idade, chamada Araceli, foi sequestrada, drogada, violentada sexualmente e assassinada, em Vitória (ES). No ano de 1991, os três réus acusados de matar a menina foram absolvidos e o crime permanece impune até hoje. A partir da mobilização de entidades, houve a ideia de criar o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual e Comercial de Crianças e Adolescentes. A data sugerida foi 18 de maio, dia do assassinato de Araceli que, em 2000, com a aprovação da Lei Federal 9.970/2000, tornou-se oficial em todo o território brasileiro.

A equipe do O Juruá em Tempo conversou com a psicóloga Amanda Lima a fim de tentar entender o quão traumático um abuso sexual pode ser na vida da criança ou do adolescente. De acordo com ela, existem alguns sinais que podem indicar que o menor está sendo vítima de abuso.

“Mudanças de comportamento, alterações de humor entre retraimento e extroversão, medos excessivos e regressão a comportamento infantis, como choro excessivo sem causa aparente, medo de escuro ou de ficar sozinha, são alguns sinais de alerta que crianças e adolescentes emitem quando estão sofrendo algum tipo de abuso sexual”, disse.

Um caso de violência sexual infantil pode mudar a vida e a rotina tanto da criança quanto da sua família. Por isso é tão importante que todos recebam apoio psicológico. “É importante buscar suporte adequado, evitando a tendência ao isolamento. A psicoterapia é fundamental na hora de enfrentar o trauma deixado pela violência sexual. Além disso, quando a vítima recebe o apoio da família, pode se sentir mais confortável para avançar no processo terapêutico sem se sentir pressionada”, explica a psicóloga.

Ainda de acordo com a profissional, o abuso sexual pode deixar traumas inimagináveis na vida da criança e do adolescente, acarretando em outros transtornos como ansiedade e/ou depressão. “O abuso sexual de crianças e adolescentes pode trazer graves consequências para a saúde mental das vítimas tanto no curto como no longo prazo. As vítimas podem desenvolver transtornos psicológicos como por exemplo, ansiedade, depressão ou apresentar comportamentos sexuais inadequados para a idade. Quando as vítimas de abuso sexual não recebem um apoio psicológico adequado, elas podem crescer traumatizadas e com valores distorcidos, além de sofrer com os danos do abuso de modo a influenciar suas escolhas e impulsos para o resto da vida, inclusive reproduzindo violências”, destaca.

Sobre essas consequências a longo prazo, Amanda explica que esse trauma de infância, se não tratado devidamente, pode vir a causar sérios danos a vida adulta da vítima. “O abuso sexual na infância, pode causar sérios prejuízos na vida adulta dos indivíduos, com repercussões que podem ser cognitivas, comportamentais, emocionais, físicas e sociais. É um trauma que pode gerar sintomas como ansiedade, depressão, vergonha baixa autoestima, comportamento suicida, isolamento social, dentre outros”, ressalta.

É importante que as crianças e os adolescentes sejam orientados e ensinados a identificar um possível um abuso. É, principalmente, dever dos pais criar um laço de confiança para que o filho tenha total liberdade de contar caso algo venha a acontecer.

“As crianças precisam conhecer as partes do corpo e seus respectivos nomes. Explique a eles que as partes íntimas não podem ser tocadas e nem vistas por estranhos. Ensine a criança a não permitir que ninguém toque em suas partes íntimas, e que ela não toque nas partes intimas de ninguém, mesmo que essa pessoa seja conhecida. É preciso que seu filho sinta segurança em lhe contar qualquer coisa, inclusive uma situação de abuso. Ensine-o que segredos não são coisas boas, e que ele deverá lhe contar tudo que acontece, assim será mais fácil identificar uma situação de abuso”, finaliza Amanda.

Em seu Instagram, @psiamandalimaa, a psicóloga fala mais sobre o assunto e traz dicas a respeito de saúde mental.

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