Faltando nove dias para o primeiro turno das eleições presidenciais, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) oscilou dois pontos para cima, atingiu 47% e tem uma dianteira de 14 pontos sobre Jair Bolsonaro (PL), que se manteve em 33%. Cresceu assim a possibilidade de o petista vencer no primeiro turno.
A estabilidade com oscilação positiva para o petista no cenários de uma semana para cá, aferida pela mais recente pesquisa do Datafolha, vai acirrar a queda de braço entre as duas campanhas líderes de uma corrida cuja decisão na primeira rodada pode ocorrer no olho mecânico.
Empatados em terceiro lugar estão Ciro Gomes (PDT), oscilou de 8% para 7%, e Simone Tebet (MDB), que segue com 5%. Soraya Thronicke (União Brasil) oscilou de 2% para 1%, mantendo-se empatada no limite da margem com Tebet.
A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos neste levantamento, feito de terça (20) a esta quinta (22). O instituto ouviu 6.754 pessoas em 343 cidades, e a pesquisa encomendada pela Folha e pela TV Globo está registrada sob o número BR-04180/2022 no Tribunal Superior Eleitoral.
A boa notícia para Lula é que, com a oscilação, ele voltou à casa dos 50% de votos válidos, limiar para uma vitória no primeiro turno. Esse critério, adotado pelo TSE para a contagem da eleição, exclui os brancos e nulos: quem tiver 50% mais um voto está eleito diretamente. Semana passada, estava em 48%.
O petista deverá dobrar esforços para evitar alta abstenção e buscar voto útil dos eleitores dos terceiros colocados, Ciro e Tebet, e Bolsonaro buscará tentar investir contra a imagem do ex-presidente para levar a disputa final para o dia 30 de outubro.
O último ciclo da campanha antes do primeiro turno terá como destaque os debates na TV no sábado (24), no SBT, e na quinta (29), na Globo. Com efeito, Lula já avisou que não irá ao primeiro, para reduzir a chance de acidentes.
Mas o petista já esteve em posição mais confortável na contagem dos válidos com até 54% em maio. E a abstenção, fator central para definir o universo de votos válidos, não é aferível de antemão. Assim, Lula fez nesta semana acenos a idosos, grupo mais propenso a se abster pela não obrigatoriedade do voto acima dos 70 anos.
Não houve efeito imediato. No grupo de eleitores acima de 60 anos (20% da amostra), ele oscilou dois pontos para baixo, mantendo vantagem de 47% sobre 40% do presidente. Outro grupo que historicamente se abstém mais é o dos mais pobres e menos escolarizados, que votam majoritariamente no ex-presidente.
Lula apostou também numa simbólica fotografia em que reuniu oito ex-candidatos a presidente em seu apoio. Mas não houve uma movimentação significativa em estratos mais instruídos ou de maior renda, teoricamente mais expostos ao noticiário político da frente em seu favor.
A força do petista segue residindo nos mais pobres. Entre aqueles que ganham até 2 salários mínimos, 51% dos ouvidos pelo Datafolha, ele foi de 52% para 57%, em comparação com na rodada anterior, apurada de 13 a 15 deste mês.
Já Bolsonaro oscilou de 27% para 24% no segmento, confirmando a pior notícia que sua campanha colheu, ao lado de sua alta taxa de rejeição.
O presidente usou um arsenal de medidas populistas na economia, que foram do mais amplo reajuste do Auxílio Brasil para os mais carentes a agrados pontuais a caminhoneiros e taxistas, passando pela sequência de redução nos preços administrados de combustíveis.
Por outro lado, a fome e a inflação ainda alta dos alimentos têm impedido que a melhoria econômica seja percebida entre mais pobres.

