O terremoto que atingiu Turquia e Síria provocou mais de 5 mil mortes, de acordo com um balanço atualizado divulgado nesta terça-feira, enquanto as equipes de emergência prosseguem com os trabalhos de busca de sobreviventes presos nos escombros.
Ao menos 3.419 pessoas morreram na Turquia e 1.602 na Síria — em regiões controladas pelo governo e áreas dominadas pelos rebeldes — o que eleva o total a 5.021, de acordo com as autoridades locais e fonte médicas.
Os balanços de vítimas dos dois lados da fronteira não param de aumentar e, levando em consideração a magnitude da destruição, a tendência deve persistir.
Apenas na Turquia, as autoridades contabilizaram quase 5 mil imóveis desabados. Além disso, a queda da temperatura representa um risco adicional de hipotermia para os feridos e as pessoas bloqueadas nos escombros.
Em vários momentos sem ferramentas, os bombeiros prosseguiram com a dramática busca por sobreviventes durante a noite, desafiando o frio, a chuva ou a neve, assim como o risco de novos desabamentos.
A equipe francesa deve seguir para Kahramanmaras, epicentro do terremoto, uma região de acesso difícil e que sofre com a neve.
A China também anunciou o envio de uma ajuda de 6,9 milhões de dólares, que incluirá equipes especializadas em resgates em áreas urbanas, equipamentos médicos e material de emergência.
O pedido de ajuda do governo da Síria recebeu resposta da aliada Rússia, que prometeu enviar equipes de emergência nas próximas horas. E 300 militares russos que já estavam na região ajudam nos resgates.
A ONU afirmou que a ajuda deve chegar “a todos os sírios em todo o território”, incluindo a parte que não está sob controle do governo.
Aproveitando o caos provocado pelos tremores, 20 supostos combatentes do grupo extremista Estado Islâmico (EI) fugiram de uma prisão militar em Rajo, controlada por rebeldes pró-Turquia.
Dormir ao relento
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que teme por números ainda piores e um balanço de vítimas “oito vezes mais elevado”. Com base nos mapas da região afetada, segundo a organização, “23 milhões de pessoas estão expostas às consequências do terremoto, incluindo cinco milhões de pessoas vulneráveis”.
— A OMS está ciente da forte capacidade de resposta da Turquia e considera que as principais necessidades não atendidas podem estar na Síria, no imediato e a médio prazo — afirmou a diretora da OMS Adelheid Marschang ao conselho executivo da agência da ONU.
O secretário-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou para a a urgência da situação.
— Agora é uma corrida contra o tempo. A cada minuto que passa, a cada hora que passa, diminuem as chances de encontrar sobreviventes — disse.
Na segunda-feira foram registrados pelo menos 185 tremores secundários, além dos dois terremotos principais: um de 7,8 graus às 4h17 (22h17 de domingo no horário de Brasília) e outro de 7,5 graus de magnitude por volta do meio-dia (6h no horário de Brasília). Os tremores prosseguiram durante a madrugada de terça-feira. O mais forte, de magnitude 5,5, aconteceu às 6h13 (0h13 de Brasília) a nove quilômetros de Gölbasi (sul).
As autoridades adaptaram ginásios, escolas e mesquitas para abrigar os sobreviventes. Mas com medo de novos terremotos, muitos moradores preferiram passar a noite ao relento.
— Todo mundo está com medo — disse Mustafa Koyuncu, um homem de 55 anos que passou a noite com a esposa e os cinco filhos no carro da família em Sanliurfa (sudeste da Turquia).

