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‘Divisor de águas’, diz especialista sobre vacinação e redução de casos de Covid-19 no Acre


Há exatos três anos, no dia 17 de março de 2020, a Secretaria Estadual de Saúde do Acre (Sesacre) confirmava os primeiros três casos da Covid-19 no estado. O cenário de pânico que pegou o mundo todo de surpresa, deixou milhares de mortos, fechou comércios, suspendeu aulas e mudou a rotina de toda a população. No entanto, a chegada da vacina, em janeiro de 2021 no Acre, trouxe a expectativa de retomada da normalidade.

De lá para cá, muita coisa aconteceu. No Acre, 2.043 pessoas morreram por causa da doença, deixando, de uma hora para outra, pessoas sem companheiros de toda vida, filhos sem pais e pais sem os filhos.

Até esta sexta-feira (17), a Organização Mundial de Saúde (OMS) ainda não declarou o fim da emergência de saúde pública internacional. E, segundo o médico infectologista Eduardo Farias, ainda não se pode dizer que a pandemia está perto de acabar.

“Não diria que está próximo do fim, mas vamos chegar lá. Vamos entrar numa fase que vamos chamar de endêmica. Então, em alguns países essa doença vai ficar circulando de forma sazonal, igual as doenças respiratórias, e provavelmente vamos precisar ter uma vigilância vacinal constante, ou seja, vamos precisar renovar a vacina das pessoas, como se faz hoje com a vacina da gripe”, disse o especialista.

Farias acredita ainda que alguns países devem entrar num perfil epidemiológico da doença em que o vírus vai circular, porém sem grandes impactos na população geral, por conta da boa cobertura vacinar. Já nos locais em o sistema de saúde é mais fragilizado, devem ocorrer surtos da doença, os chamados surtos epidêmicos ou endêmicos.

Ao passo que a cobertura vacinal aumentou no Acre, os casos graves e óbitos por Covid-19 começaram a apresentar redução. Para o especialista, a vacinação foi um verdadeiro divisor de águas da pandemia.

“A vacina foi o grande divisor de água que mudou o perfil epidemiológico da doença no Brasil. Percebe-se que antes da vacina e naquele momento que ela estava chegando e ainda tínhamos uma população pequena vacinada, tivemos um colapso da saúde pública aqui no Acre, hospitais e UTIs lotados, vimos cenas de pessoas sendo transferidas para outras cidades e estados. Depois, quando cresce o número de vacinados, tivemos em abril e maio de 2022, um pico de casos de Covid, com muita gente adoecendo, mas com a doença branda, sem necessidade de internação. Ou seja, mudou completamente o perfil e mostrou que a vacina foi a grande diferença dessa fase caótica para essa fase mais tranquila”, afirmou.

‘Muito criticada’, diz uma das primeiras infectadas no Acre

Os três primeiros infectados pela doença foram um homem de 30 anos e uma mulher de 50, que chegaram de São Paulo (SP), e a advogada Isabella Fernandes, que estava em Fortaleza (CE). Dos três casos, apenas a advogada chegou a ficar em estado grave e ficou internada 12 dias em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ela contou que ficou vários dias intubada e relembrou aqueles dias de incertezas e medo.

“Fui a primeira a ter diagnóstico confirmado. Era inesperado, eu tinha acompanhado pela internet, agente sabia que o vírus já estava na Europa, até imaginava que fosse chegar na América, tinha aquela esperança de que ia dar certo. Mas, não foi assim que aconteceu. Fui diagnosticada no dia 16 de março de 2020, e no dia 21 eu fui intubada, a doença se agravou muito rapidamente”, lembrou.

Isabella disse que chegou a ser muito criticada nas redes sociais após o diagnóstico da doença. “A princípio fui muito rechaçada, falavam que tinha ido pegar Covid lá fora para trazer para o Acre, como se tivéssemos essa escolha. Fui muito criticada, minhas redes sociais foram bombardeadas por pessoas cruéis. Desativei tudo para não sofrer tanto.”

Meses mais letais

Os meses mais letais no Acre desde o início da pandemia foram março e abril de 2021, quando foram registradas 254 e 267 mortes pela doença. Em 2022, o mês com maior número de mortes foi fevereiro, quando 100 pessoas foram vítimas da Covid.

Foi também em fevereiro do ano passado que houve o maior registros de casos novos da doença, chegando a 19.323 casos novos – o maior registro desde o início da pandemia.

Este ano, entre o dia 1 de janeiro e 13 de março, data do último boletim divulgado pela Sesacre, o Acre registrou 1.860 novos casos de Covid-19 e três pessoas morreram.

Vacinação

Segundo Painel de Monitoramento de doses aplicada contra a Covid no estado até esta sexta-feira (17) foram aplicadas 1.697.266 doses vacinadas em todo o Acre, sendo assim 591.479 pessoas imunizadas. Deste total:

No caso de crianças a adolescentes, 282.908 foram vacinados, sendo 183.025 em jovens de 11 a 17 anos e 99.883 aplicações em crianças de 5 a 11 anos.

No último dia 28 de fevereiro, Rio Branco começou a aplicar a vacina bivalente contra a Covid-19 no grupo prioritário. O imunizante protege contra a cepa original e todas as variantes do coronavírus e está disponível nas Unidades de Referência em Atenção Primária (Uraps) e Policlínica Barral y Barral, das 8h às 16h, na capital.

Em uma semana, cerca de 1,6 mil pessoas do público-alvo foram imunizadas com a vacina bivalente da Pfizer, em Rio Branco, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa).

Público prioritário nesta fase com a bivalente:

Com informações g1

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