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Em Cruzeiro do Sul, alunos da Ufac aderem a manifestação do Dia Nacional de Mobilização Pela Revogação do Ensino Médio

Na última quarta-feira (15), alunos da Universidade Federal do Acre (UFAC) – Campus Floresta, em Cruzeiro do Sul, aderira, a manifestação do Dia Nacional de Mobilização Pela Revogação do Novo Ensino Médio (NEM), que vem sendo alvo de críticas da comunidade escolar e acadêmica desde sua implantação em 2017, durante o governo de Michel Temer.

A professora Adriana Martins e seus alunos, resolveram aderir ao movimento que acontece em diversos estados brasileiros. Na teoria, a proposta do governo era de flexibilizar o currículo do Ensino Médio e oferecer aos estudantes uma formação voltada para suas áreas de interesse. Mas, na prática, o que acontece é uma falta de transparência no que diz respeito aos objetivos da reforma, além de um aligeiramento curricular, ofertando disciplinas que podem ser cursadas em Ensino a Distância (EAD). O que mais revolta a comunidade estudantil e docente é que a reforma no ensino foi aprovado sem debate público com a sociedade e, principalmente, sem ouvir estudantes e educadores.

“Disciplinas como filosofia e sociologia tiveram sua carga horária reduzida, então isso retira da juventude brasileira o acesso a conhecimento científico. O que está acontecendo é que os estudantes não estão podendo escolher o itinerário, as escolas brasileiras não têm condições para ofertar esses itinerários formativos”, explicou a professora Adriana. Além dos problemas já citados, a docente explica que outro grande problema é a sobrecarga dos professores. “Isso reflete na má qualidade do ensino”, disse.

Rafael Cauê, acadêmico do 6° período de Pedagogia, é um dos alunos que aderiram a mobilização. Para ele, ainda precisa ser desenvolvida essa cultura de manifestação dentro das universidades. “Esse movimento precisa ser intensificado. Hoje a gente vem com essa proposta de diálogo, cartazes, para que possamos discutir com alunos, professores e funcionários sobre essa reforma para trazer esse ato de revolução. Precisamos sim de uma reforma, mas tem de ser pautada em pesquisas e diálogos”, disse.

Kauê Lucas também está cursando o 6° período de Pedagogia, falou a respeito do Projeto de Vida. “Palavras como empreendedorismo, resiliência, autonomia, são bastante frequentes nesse novo ensino, cujo material já vem pronto, não é o professor que produz e de uma forma explícita, percebe-se a infiltração de ideias neoliberais na educação evocando um conceito ultrapassado de meritocracia”, destacou.

Na última semana, o Ministério da Educação (MEC), abriu uma consulta pública para avaliação e reestruturação da política nacional do novo Ensino Médio. A portaria foi publicada no último dia 09 de março e deu um prazo de 90 dias para as manifestações, com possibilidade de prorrogação. As consultas acontecerão através de audiências públicas, oficinas de trabalho, seminários e pesquisas nacionais com estudantes, professores e gestores sobre a experiência de implementação do novo Ensino Médio nos 26 estados e no Distrito Federal.

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