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quinta-feira, maio 2, 2024

Mulheres que inspiram: professora de 80 anos natural de Cruzeiro do Sul conta história de superação; “Me sinto realizada”

Por Emily Vitória, dO Juruá em Tempo.

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Um sorriso doce, olhar gentil e as marcas do tempo moldam o rosto da primeira personagem da série ‘Mulheres que inspiram’, dO Juruá em Tempo. Terezinha Vasconcelos da Silva, de 80 anos, é uma mulher cruzeirense, viúva, professora aposentada, mãe de três filhas e avó de quatro netos. A quinta de 18 irmãos perdeu a mãe aos sete anos e ajudou a nova madrasta a cuidas dos irmãos mais novos. Ela conta que a vida era muito difícil, pois a família trabalhava na agricultura, mas o pai nunca deixou faltar o alimento diário.

A menina que cursou até a quarta série, atual quinto ano, sonhava em ser professora e aos 18 anos realizou o tão almejado desejo indo trabalhar em uma escola na zona rural ganhando R$ 10 ao mês. “Desde criança meu sonho era ser professora. Hoje eu tenho alunos médicos, advogados, empresários, vendedores, políticos, tantos outros que nem sei e todos são meus ex-alunos. Eles me amavam, quase me derrubavam com tantos abraços quando eu entrava na escola e eu precisava ser dura”, lembra com um sorriso no rosto.

Aos 19 anos, Terezinha conheceu o homem que seria seu marido, Antônio Cândido da Silva. Na contramão da época, Antônio não se incomodava que a esposa trabalhasse fora, o agricultor inclusive a apoiava. “Para ele era um orgulho casar com uma professora. Antigamente, a minha profissão era valorizada, hoje que as pessoas deturparam os valores”, disse.

Nesse período, ela foi transferida para uma escola mais perto da cidade e se tornou professora federal. “Eu trabalhei 28 anos e me aposentei como professora, hoje eu me sinto realizada, muito feliz. Quando me aposentei eu estranhei, pois era acostumada com as minhas crianças. Esses dias fui para a igreja e uma moça veio me abraçar e falou ao padre ‘Essa foi minha professora, eu sou o que sou por causa dela e hoje sou professora também’. Fiquei tão feliz”, destaca.

Aos 24 anos, Terezinha deu a luz a filha mais velha, Maria de Fátima Vasconcelos da Silva; aos 25 nasceu a segunda, Lucilene Vasconcelos da Silva e quatorze anos depois nasceu a caçula, Luciana Vasconcelos da Silva Santos. As três meninas cresceram, duas se mudaram de cidade, tiveram seus filhos e hoje a professora aposentada é avó de quatro netos, sendo um já casado, a segunda formada, a do meio com quase 15 anos e a menor com 13 anos.

“São os meus orgulhos. Foi muito difícil criar minhas filhas tendo que trabalhar fora, elas eram muito mimadas. Eu as criei da melhor maneira que eu e meu marido podíamos. Hoje os meus netos são a minha vida, eu amo cada um”, conta emocionada.

Ao ser questionada se está realizada aos seus 80 anos, Terezinha relembra que sofreu bastante, mas que não mudaria nada em sua vida. “Todos esses sofrimentos me fizeram ser quem eu sou hoje, Deus permite que passemos dificuldades para nos moldar e eu hoje eu sou completamente realizada”, disse.

Terezinha falou ainda sobre a saudade que sente do marido falecido a quase 22 anos e das filhas que moram longe. “Eu entrei em uma tristeza profunda quando o meu velho me deixou. E agora, além de sentir saudades dele, sinto das minhas filhas. Gostaria de estar sempre com elas, mas não posso por conta das péssimas condições da BR-364 e tenho medo de andar de avião”, revela.

Ao final, a professora aposentada agradece todo o carinho e cuidado que recebe de toda a família e ressaltou o orgulho que sente dos filhos, netos e sobrinhos. “Eu me sinto feliz pela minha família de minha parte e de meu marido. Tenho sobrinhos políticos, empresários, netos queridos e maravilhosos que só me dão orgulho. Aos 80 anos, eu tenho a sensação de dever cumprido”, finalizou.

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