O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou a retirada das grades do Palácio do Planalto nesta quarta-feira, depois de cerca de dez anos com a sede do Executivo federal cercada pelo isolamento de segurança. A decisão ocorre uma semana após o governo abrir uma licitação para contratar uma empresa responsável pela instalação de até 62 mil alambrados de proteção, totalizando aproximadamente 124 km de cercas.
Essa é a maior contratação de grades desde 2017, segundo o edital do pregão. O gasto previsto é de até R$ 968 mil. Em 2019, primeiro ano do governo Jair Bolsonaro (PL), por exemplo, foram contratados 40 km. Já no ano passado foram 92 km. A abertura do pregão feita pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) foi publicada pelo jornal Estado de S. Paulo e confirmada pelo GLOBO.
De acordo com a justificativa do edital, a contratação das proteções se devem aos “atuais acontecimentos na política do país e a intensificação da polarização de posicionamento partidário e a previsão de ocorrência de manifestações na área central de Brasília”.
O reforço na segurança após a barbárie de 8 de janeiro
As barreiras devem ser destinadas para a “prevenção à possíveis manifestações populares na área da Praça dos Três Poderes e na Esplanada dos Ministérios”, prossegue o texto. Nos ataques golpistas do dia 8 de janeiro, manifestantes bolsonaristas invadiram e depredaram a região.
Na tarde desta quarta, Lula desceu a rampa presidencial para ver a mudança. Lá, conversou com jornalistas e cumprimentou apoiadores. Ele afirmou que também mandou remover o equipamento do Palácio da Alvorada, sua residência oficial.
– O Brasil não precisa estar cercado de grades. É deixar livre. A democracia não exige muro, não precisa de muro – afirmou Lula.
O presidente estava ao lado da primeira-dama Janja da Silva e do ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta. Lula afirmou ainda que vai tirar a “muralha” do Palácio da Alvorada, em referência às barreiras de segurança do local.
– Eu vou tirar aquela muralha da frente da sede do Palácio do Alvorada. Eu vou tirar porque depois a segurança vê como ela cuida para evitar qualquer problema que nunca teve. Eu fui presidente oito anos e nunca teve (problema). As pessoas iam na porta do Alvorada protestar domingo com corneta, nunca me incomodaram. Se eu quisesse cercar o povo de não permitir que faça protesto, não faz sentido a democracia.
E completou:
– Aquilo foi feito no momento em que o PT não governava mais o país. Foi feito na época do Temer então significa que quem faz coisa errada tem medo. E aquilo ficou durante todo o mandato do “coisa”.
Lula acrescentou que pediu ao general Amaro, que assumiu o comando do Gabinete de Segurança Institucional (SGI), para retirar as grades do Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin.
– Demonstração de que o Brasil está voltando à normalidade. Isso (Planalto) nunca teve muro. Quando tiver evento, para proteção e garantir segurança do povo, bota grade e retira depois. Ficar o Palácio (do Planalto) cercado o tempo inteiro… falei com general Amaro que precisa tirar a muralha em frente à casa do Alckmin.
Apesar da retirada das grades do Palácio do Planalto, a Praça dos Três Poderes continua cercada, assim como o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. Lula afirmou que cada presidente de Poder determina a retirada do equipamento, mas que entendia que as grades não eram necessárias porque “a segurança não precisa negligenciar como da outra vez”, em referência aos ataques de 8 de janeiro.