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quarta-feira, dezembro 6, 2023

Tragédia envolvendo avião da Rico no Acre completa 21 anos e causas do acidente ainda não foram ‘desvendadas’

Por Redação O Juruá em Tempo.

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Acidente da Rico matou 23 pessoas e foi o segundo maior do estado  — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre
Acidente da Rico matou 23 pessoas e foi o segundo maior do estado — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

No dia 30 de agosto de 2002, a população acreana se preparava para o show do cantor Frank Aguiar que aconteceria durante a maior feira agropecuária no estado do Acre, em Rio Branco. Porém, ao final da tarde, uma notícia inesperada abalou a todos. Passou a circular a informação de que o voo 4823, da Rico Linhas Aéreas, que saiu de Cruzeiro do Sul, havia caído pouco antes de pousar na capital acreana.

Diante dessas informações, a festividade que aconteceria em Rio Branco foi cancelada e toda a atenção estava voltada para a queda da aeronave que possuía como as vítimas políticos, candidatos e empresários do estado. A tragédia foi considerada o segundo maior acidente aéreo registrado no Acre.

Local era de difícil acesso e, com chuva, passagem pelo local ficou ainda mais complicada  — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre
Local era de difícil acesso e, com chuva, passagem pelo local ficou ainda mais complicada — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

A aeronave levava 31 pessoas e teve danos graves. O avião havia saído de Cruzeiro do Sul, teria feito uma escala em Tarauacá e, a 1,5 mil metros do aeroporto de Rio Branco caiu, matando 23 pessoas. De acordo com o Centro de Investigações e Prevenção de Acidente Aeronáuticos (Cenipa), das 23 vítimas fatais, três eram tripulantes e 20 eram passageiros.

Vale ressaltar que recuperação da aeronave foi considerada economicamente inviável. Durante a queda, o impacto com o solo fez a aeronave atingir seis bezerros e duas vacas, além colidir contra uma porteira.

Vítimas era carregas em caminhonetes traçadas, muitas pessoas se voluntariaram para ajudar no resgate  — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre
Vítimas era carregas em caminhonetes traçadas, muitas pessoas se voluntariaram para ajudar no resgate — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Na época, o governador era Jorge Viana, no qual decretou luto em todo o estado por dois dias em respeito às vítimas. Dessa forma, decádas depois não se tem comprovado a causa certa do acidente. O relatório do Cenipa aborda algumas condições do dia do voo, como mau tempo, condições psicológicas da tripulação e até falta de combustível.

“Existem traços da participação de aspectos suspeitos relacionados ao temperamento dos tripulantes, ansiedade, aspecto perceptivo e da atenção, hábitos adquiridos, improvisação, excesso de autoconfiança e relacionamento interpessoal. É possível que a junção desses aspectos tenha propiciado uma situação onde se constata que as normas de Segurança de Voo na operação da aeronave não foram adequadamente observadas e consideradas”, informa o documento.

Até hoje, as causas do acidente não foram divulgadas  — Foto: Reprodução/Rede Amazônia Acre
Até hoje, as causas do acidente não foram divulgadas — Foto: Reprodução/Rede Amazônia Acre

De acordo com o relatório, há ainda o apontamento sobre a pressão de o avião pousar na capital pelo fato de transportar pessoas influentes na sociedade. “É aparente que existia uma pressão, mesmo que inconsciente, para que a aeronave pousasse em Rio Branco naquela noite, em virtude dos passageiros que transportava serem de influência reconhecida na região, tais como empresários e políticos.”

Uma das sobreviventes, a médica pneumologista Célia Rocha, relatou o que aconteceu naquela noite. “O avião não deu absolutamente nenhum sinal, não percebi turbulência, luzes não acenderam no corredor, não houve nenhum aviso da cabine. Para mim, aquilo foi falta de combustível, porque não teve nem a opção de ir para Porto Velho e até hoje não houve uma elucidação do caso. Para mim, no meu desconhecimento, foi falta de combustível”, disse a médica.

Célia era secretária executiva na Saúde estadual e havia ido a Cruzeiro do Sul a trabalho. Com ela, vários amigos e colegas de profissão estavam naquele voo, ela conta que estava sentada no meio do avião ao lado de uma amiga.

A médica relatou que não houve pânico no avião. Segundo ela, parte dos passageiros desmaiaram, assim como ela. “Penso eu, porque desacordei, que a pressurização caiu e muitas pessoas desmaiaram antes do impacto”, relatou.

Após o acidente, a sobrevivente passou três meses internada no hospital 9 de julho em São Paulo e fez, ao todo, 37 cirurgias. Desde a reconstituição da face, joelho, pé e parafuso de titânio. “Estar viva é uma benção dos céus, não tem nada que pague nesse mundo, mas sinto por todos os meus amigos que estavam naquele voo e que faleceram. Isso ficou marcado na história desse estado”, contou.

  • Com reportagens do g1 AC.
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