Era uma noite chuvosa quando a artesã Gabriela Moura, de 27 anos, percebeu um bicho misterioso entrando em seu quarto, no Bairro Areal, em Rio Branco, capital do Acre. Ele era peludo e media cerca de 40 centímetros. “Estava dando de mamar para o meu bebê quando, de repente, ele aparece, andando bem lentamente em minha direção”, afirmou a artista.
Tratava-se de um tamanduaí, a menor espécie de tamanduá do mundo. Por viver na copa das árvores, o animal é muito difícil de ser observado e, por isso, é considerado raro pela ciência.
O caso aconteceu nesta semana. “Ele estava com aspecto meio molhado e com certeza buscava abrigo, porque queria se esconder debaixo da cama. Chamei meu marido, que também não soube identificar”, lembra Gabriela.
O casal resolveu, então, isolar o bicho, que não é agressivo, em um pequeno cercadinho improvisado, enquanto esperavam pelo Corpo de Bombeiros. Eles descobriam a espécie do animal por meio de uma vizinha.
“Do lado de casa tem muito mato e a gente acha que ele queria se abrigar da chuva. Ficamos preocupados com ele, porque também moramos perto de uma avenida e queríamos evitar que ele fugisse e acabasse atropelado. Ao final, tudo correu bem”, comemora a artesã.
Os bombeiros chegaram ao local e resgataram o animal, que foi levado para um ambiente seguro. “A vontade foi de adotar, porque ele é muito fofinho, mas sabemos que isso não é correto por se tratar de um animal silvestre, então ele precisava ser devolvido para a natureza”.
Gabriela lembra que até o cachorro da família, o vira-lata Duque, observava a cena com curiosidade. “Não encarou o tamanduaí como ameaça, muito pelo contrário, ficou tranquilão, querendo saber o que era aquele bicho”.
Animal raro
O tamanduaí é uma das espécies de tamanduás menos estudadas pela ciência por ser solitário, noturno e habitar o alto das árvores, ao contrário de seu “primo”, o tamanduá-bandeira, que vive no solo.
Quando adulto, eles não passam dos 45 centímetros de comprimento e podem pesar até 400 gramas. A coloração varia entre o amarelo queimado e o cinza, como é o caso do tamanduaí encontrado na casa de Gabriela.
O bicho possui pequenos olhos pretos e focinho mais curto que os demais tamanduás. Duas fortes garras, uma em cada mão, servem tanto para abrir formigueiros, de onde tira seu alimento preferido, quanto para defesa.
Caso tenha a sorte de avistar esse animal, a recomendação é não importuná-lo. Caso seja visto em áreas urbanas, o Corpo de Bombeiros precisa ser acionado para devolver o animal ao seu habitat natural.