Os detentos do complexo penitenciário Manoel Neri, situado em Cruzeiro do Sul, elaboraram uma carta em protesto contra possíveis violações aos direitos humanos. Entre suas queixas, estão a proibição do uso de ventilador, televisão e rádio e a falta de ventilação natural.
Na carta, datada no último dia 6, os presos reclamam da ausência de ventilação nos períodos de calor extremo, da falta de acesso a informações, por meio de TV e rádio, e dos longos períodos de confinamento, sem a oportunidade de remir suas penas por meio de trabalho. Segundo eles, isso impede a sua ressocialização. Além disso, alegam abuso de poder, tratamento cruel e degradante, e pedem a sensibilização por parte da sociedade do Ministério Público.
O diretor do presídio Manoel Nery, Elves Barros, diz que uso dos itens (ventiladores, rádio e TV) é motivado por uma questão de merecimento, o que não se aplica aos presos dos blocos 7 e 8, que fizeram a denúncia por meio da carta, onde estão concentrados os membros da facção criminosa que atua no Vale do Juruá (Comando Vermelho).
Entretanto, o diretor disse que o Instituto de Administração Penitenciária (IAPEN) estuda futuras mudanças na unidade prisional em relação à instalação de ventiladores nos blocos 7 e 8, em decorrência da quantidade de presos.
Relacionado à falta de trabalho para a remição de penas, Elves nega que os apenados faccionados sejam impedidos de diminuir os dias na prisão por meio de trabalho, e diz que essa é uma questão complexa.
“Dentro dos blocos 7 e 8, aumentamos o número de faxineiros e de cortadores de cabelo e mais de 60 presos participam do Projeto Presídio Leitor. Mas o preso de organização criminosa é complexo porque ele não tem autonomia e é comandado pela facção. Se eu tirar um preso de organização criminosa e colocar no serviço interno e a facção mandar ele fugir, ele foge, mandar fazer refém, ele faz, mandar colocar algo ilícito no presídio, ele põe. Não têm autonomia e é a facção que decide tudo”, comentou.