O suicídio é um fenômeno complexo que pode afetar indivíduos de diferentes origens, classes sociais, idades, orientações sexuais e identidades de gênero. Segundo dados do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, fornecidos por meio da Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre), mais de duas pessoas tentaram suicídio por dia no Acre em 2022, totalizando 920 tentativas de suicídio.
Em comparação ao ano de 2021, 855 pessoas tentaram tirar a própria vida, totalizando um aumento de 7,6% de casos. No período de 2012 a 2022 foram notificados 5.223 casos de violência autoprovocada. Já em 2020, houve uma expressiva redução das notificações, que segundo a Sesacre, referem-se ao contexto da pandemia de Covid-19, no qual os esforços estavam mais voltados ao combate do coronavírus.
Por isso, no período após a pandemia, as notificações subiram de 593 em 2020, para 855 no ano seguinte. Assim, os municípios com maior porcentagem de violência autoprovocada são Rio Branco, com 64,4% dos casos, seguido de Cruzeiro do Sul com 7,4% de notificações e Brasiléia com 5,7%, no ano de 2022.
Vale ressaltar que entre os primeiros seis meses de 2023, 168 pessoas foram internadas nos leitos de saúde mental do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb), após tentar tirar a própria vida. Diante dessas informações, o Acre registrou 646 casos de suicídio, em 10 anos. Em 2021, foram 70 casos e em 2022 76 casos, sendo registrado um aumento de 8,6%.
Assim, o Pronto Socorro de Rio Branco recebe os casos mais graves, no qual o paciente passa pela classificação de risco e o médico indica a internação nos leitos de saúde mental ou encaminhamento ao Caps ou para uma das Unidades de Referência em Atenção Primária (Uraps).
Segundo a psicóloga Josiane Furtado, do setor de saúde mental do Huerb, saber reconhecer os sinais de alerta em si mesmo ou em alguém próximo é o primeiro e mais importante passo para diminuir as taxas desse caso de saúde pública, visto que ocorreu uma piora no período pós-pandemia. “Potencializou ainda mais, também entrou a questão do medo, as crises de ansiedade já vinham acometendo várias pessoas e vimos que aumentou bastante. O adoecimento profissional, laboral também cresceu”, disse a psicóloga.
“Só em você se mostrar que está disposto a ouvir essa pessoa já é uma ajuda. E sabemos que existem casos que além de ouvir, a gente também precisa de ajuda médica. O suicídio é multifacetado, tem pessoas que vão demonstrar e outras que não. Por isso que ele é complexo e é tão importante estarmos sempre alertando e conversando sobre o tema e não só em setembro. Não podemos lembrar da saúde mental somente em um mês e sim durante o ano todo, até porque são números alarmantes”, destacou a profissional, referindo-se às multifacetas da doença.
Dessa forma, a busca por ajuda e apoio emocional pode ser realizada através dos canais de comunicação do Centro de Valorização da Vida (CVV), por telefone (188), e-mail e chat 24 horas todos os dias, atendendo gratuitamente, sob total sigilo.
Na capital acreana, existem grupos de pacientes, como o “Arte de Ser”, que se reúne no Parque Capitão Ciríaco, no Segundo Distrito de Rio Branco, com o intuito de oferecer ajuda e se auto ajudar durante o tratamento. Além disso, o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) AD, no bairro Manoel Julião, oferece ajuda para pacientes dependentes químicos e o Caps II, no bairro Morada do Sol para não dependentes.