Uma pesquisa recente concluiu que os peixes dos rios acreanos, consumidos pela população local, apresentam altos níveis de contaminação por mercúrio. Segundo o estudo, 35,9% dos peixes analisados apresentaram índices do metal tóxico acima do limite recomendado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Entre março de 2021 e setembro de 2022, peixes adquiridos em mercados públicos, feiras livres ou diretamente dos pescadores, de seis estados e 17 municípios da Amazônia, foram as amostras para a pesquisa.
Os altos níveis do metal detectados nos peixes estariam diretamente relacionados à mineração ilegal de ouro que acontece na região, na qual o mercúrio é utilizado para separar sedimentos. Além disso, a construção de barragens, hidrelétricas, a expansão do agronegócio e as queimadas também contribuem para a contaminação.
No estudo, os impactos do mercúrio na saúde humana também foram analisados, considerando quatro grupos: homens adultos, mulheres em idade fértil, crianças de 2 a 4 anos, e de 5 a 12 anos. Na análise de risco relacionado ao consumo de pescado foi revelado que a ingestão diária de mercúrio variou de 6 a 27 vezes acima do recomendado em todos os grupos.
Diante desses dados, os pesquisadores destacam a necessidade do desenvolvimento de políticas públicas e programas voltados para a segurança alimentar das pessoas mais afetadas com a contaminação, respeitando o estilo de vida de cada comunidade que consome os peixes diretamente.

