“Nós estamos em um período de seca que se estendeu praticamente desde maio até este momento. Em outubro, choveu muito abaixo da média e este mês de novembro ainda não está chovendo bem. Então, as temperaturas altas se devem também à falta de chuva nessas regiões. Aqui, as temperaturas são normalmente altas nos meses de agosto, setembro, até outubro, como característica do clima, mas está se estendendo um pouco mais, precisamente, porque temos falta de chuvas. Estamos tendo essa irregularidade no comportamento da chuva, uma vez que já deveria estar estabelecido o inverno amazônico desde outubro e isso não está acontecendo. Está atrasado”, afirmou o pesquisador.
“O nível do rio é derivado das chuvas na bacia, e como não chove, esse nível está bem baixo. Tudo isso está entrelaçado e o que preocupa é que não se vê, a nível mundial e local na Amazônia, medidas para mitigar ou se adaptar a essas mudanças. A ciência já vinha falando há muito tempo sobre isso e estamos observando já nitidamente essas consequências. Não temos previsões de chuvas mais expressivas para os próximos dias, estamos observando essa irregularidade”, disse Fonseca.
As altas temperaturas ocasionaram a morte de centenas de frangos de uma criação no Complexo Agroindustrial de Brasiléia, no interior do Acre, onde funciona o frigorífico Acre Aves Alimentos. Na segunda-feira (6), o produtor Rosildo Freitas foi ao local e constatou que 350 frangos da criação que mantém junto ao cunhado estavam mortos.
Na terça-feira (7), mais 100 animais foram encontrados mortos. As mortes continuaram ao longo de toda a semana, com mais 80 frangos mortos na quarta (8), 150 na quinta (9), e mais 300 nessa sext (10). Freitas e o cunhado afirmaram que o forte calor na região foi a causa da morte, já que as instalações não contam com exaustores.
Após o pedido de ajuda ao governo federal, o secretário nacional de proteção e Defesa Civil, Wolnei Barreiros , reconheceu a situação de emergência nos 22 municípios do Acre devido à seca extrema. A portaria nº 3.173 foi publicada no Diário Oficial da União (DOU). Em um vídeo compartilhado em suas redes sociais, o governador Gladson Cameli expressou a necessidade de ampliar os serviços de assistência destinados às famílias impactadas por esse cenário.
O documento, assinado pelo governo do estado, Gladson Cameli, alega que o volume de chuvas no primeiro semestre do ano foi inferior à média.
O decreto, que tem 90 dias de vigência, não fala em dados ou números relacionados às medidas, mas ressalta ainda que há risco de aldeias indígenas ficarem isoladas devido à falta de navegabilidade dos rios, ocasionando diversos problemas de abastecimento de alimentos e outros insumos a essas comunidades.