Preso na manhã desta quinta-feira (8), Marcelo Câmara, assessor de Jair Bolsonaro, foi responsável por uma operação de monitoramento do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), cujo objetivo final era prendê-lo para tentar dar um golpe de Estado, segundo a Polícia Federal.
A PF aponta no pedido de prisão que Câmara “era o responsável por um núcleo de inteligência não oficial do presidente da República, atuando na coleta de informações sensíveis e estratégicas para a tomada de decisão de Jair Bolsonaro”.
Uma conversa entre Cid e Câmara em 15 de dezembro de 2022 revela que o assessor estava monitorando a localização de Alexandre de Moraes. Eles se referiam ao ministro pelo codinome de “professora”.
“MARCELO CÂMARA envia uma mensagem a MAURO CID: ‘Trabalhando’. Às 16h12, MAURO CID pergunta: ‘Algo?’. No dia seguinte, CÂMARA encaminha mensagem com o itinerário de uma pessoa: ‘Viajou para São Paulo hoje (15/12), retorna na manhã de segunda-feira e viaja novamente pra SP no mesmo dia. Por enquanto só retorna a Brasília pra posse do ladrão. Qualquer mudança que saiba lhe informo”.
“Nos dias 21.12.22 e 24.12.22 MAURO CID questiona novamente MARCELO CÂMARA: ”Por onde anda a professora?’. CÂMARA responde confirmando a localização em São Paulo e informa: ”Volta no dia 31 a noite para posse’. Questionado por MAURO CID se ‘Na capital ou no interior?’, CÂMARA responde: ‘Na residência em SP eu não sei onde fica’.”
O deslocamento corresponde ao do ministro Alexandre de Moraes nesses mesmos dias, segundo apuração da Polícia Federal.
A investigação encontrou uma minuta de decreto declarando um golpe de Estado em que estava prevista a prisão de Moraes e do ministros do STF Gilmar Mendes, além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
A investigação descobriu que, após pedido de alteração que teria partido de Jair Bolsonaro, a minuta de decreto de golpe foi alterada e manteve apenas a determinação de prisão de Alexandre de Moraes.
Por isso, o acompanhamento da localização do ministro no final do ano, para a PF, “demonstra que o grupo criminoso tinha intenções reais de consumar a subversão do regime democrático, procedendo a eventual captura e detenção do Chefe do Poder Judiciário Eleitoral”, ou seja, Alexandre de Moraes.