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No Acre, idosa mantém quase 80 animais em casa: ‘É o amor que me leva a resgatar’

Maricilia já chegou a cuidar de 83 cães ao mesmo tempo — Foto: Arquivo pessoal/ Maricilia Chaves
Maricilia já chegou a cuidar de 83 cães ao mesmo tempo — Foto: Arquivo pessoal/ Maricilia Chaves

Imagina viver com mais de 70 animais em casa? Assim é a vida da dona Maricília Chaves, de 67 anos. Ela tem 78 cachorros que cuida sozinha em sua casa, em uma chácara, em Rio Branco. Apesar do amor incondicional que tem para dar, ela necessita de ajuda para manter gastos com alimentação destes pets.

Há 20 anos, Maricília começou a resgatar seus primeiros animais. No início, ela juntava material reciclável para vender e ao ver tantos bichinhos, principalmente filhotes, jogados em lixeiras, ela começou a levá-los para casa.

“Eu saía de manhã cedo para juntar latinha e comecei a pegar os bichinhos jogados nos lixos, filhotinhos. Eu sempre tive um dom com os animais. Eu saía de casa, os animais me acompanhavam. Uma vez uma me seguiu até em casa e foi ficando”, conta.

A aposentada foi criando um amor cada vez maior pelos cachorros. Ela já tinha essa proximidade com os bichos, mas a partir daí, o sentimento ficou ainda maior.

“Eu acredito muito no poder de Deus, que Deus foi que criou os animais, e eu acredito que é o amor, o amor que me leva a resgatar esses animais e cuidar, porque cada animal que eu resgato e trago para cá é uma felicidade que eu sinto dentro de mim. É um prazer tão grande, é inexplicável o que eu sinto quando eu posso ajudar o animal, quando eu resgato, que eu chego aqui com ele, que eu começo a cuidar deles, então, é tipo assim, é amor, eu defino isso tudo com o amor, o amor que eu sinto por eles”, diz.

Maricília morava no bairro São Francisco, até que teve os primeiros problemas com os vizinhos por cuidar dos animais quando chegou na quantidade de 18 cachorros. Segundo ela, dois vizinhos fizeram denúncias, obrigando que ela se mudasse do local.

A cuidadora dos animais conta que, antigamente, existiam as carrocinhas [veículo utilizado pelos Centros de Controle de Zoonoses das prefeituras para recolher das ruas os animais desamparados, sobretudo cães e gatos e, posteriormente, sacrificá-los] e ela era constantemente ameaçada por pessoas que diziam que iriam chamar o carro para levar seus animais.

“Um promotor uma vez, disse que iria levar pra Zoonoses e dariam o prazo de três dias para recolher os animais ou seriam sacrificados. Eu fiquei apavorada, entrei em choque quando falaram que iriam matar meus animais. Eu fui no carro do Samu, passei mal e fui para UPA”, relata.

Após vários problemas relacionados aos animais, ela recebeu ajuda de um de seus filhos para morar em um local afastado e com espaço para que ela pudesse cuidar dos cachorros. Depois de muitas dificuldades para se acomodar no novo local, Maricilia, que mora sozinha, conseguiu construir casinhas e fazer instalações adequadas para os animais.

A partir de então, ela relata que em sua passagem de ida e volta para o trabalho, via muitos animais abandonados em matas. Ao se deparar com cachorros entre os lixos, doentes e feridos, ela levava para casa para cuidá-los e eles acabavam se tornando mais um membro da família. “Uma vez eu ia passando e tinha um cachorro vivo que os urubu já estavam atacando. Aí eu corri, parei minha bicicleta e peguei, espantei os urubus e peguei o cachorro. Aí daí comecei, pegando e trazendo para cuidar”, diz.

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