A autônoma Maria Vanderleia da Silva, de 37 anos, é a mulher que aparece em um vídeo sendo agredida por seguranças do Hospital Dr. Sansão Gomes, em Tarauacá, interior do Acre. Maria foi até a unidade hospitalar buscar atendimento para dor na coluna na noite do último sábado (4).
A vítima faz tratamento contra a depressão e toma remédios controlados. Ela faz acompanhamento médico com equipes do município.
As imagens viralizaram nas redes sociais nesse domingo (5) e a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) divulgou uma nota de repúdio. Segundo o governo, a equipe administrativa do hospital solicitou de imediato à empresa o afastamento dos envolvidos.
No vídeo, é possível ver o momento em que o segurança derruba a mulher no chão e dá um chute nela. Logo após, outro homem aparece e mesmo não agredindo a mulher, não faz nada para evitar o ataque.
O g1 conversou com a autônoma nessa segunda-feira (6). Ela contou que buscou atendimento no hospital por volta das 21h de sábado com dor na coluna. Ao chegar na unidade, ela recorda que foi até a recepção contar o que estava sentindo, contudo, não foi atendida pelos profissionais.
Sem atendimento, ela afirma que sentou na cadeira e ficou aguardando. “Tenho problema de coluna deste o ano passado e estava com dor de cabeça. Não fui recebida, ninguém aplicou injeção em mim. Disse que queria tomar remédio, mas não disseram nem sim e nem não. Viraram as costas. Aquele homem veio me tratar mal, me batendo, me chutando, quebrando meus cordões, minhas pulseiras. Não sei o que houve”, lamentou.
Ainda segundo, a espera se estendeu por cerca de duas horas na recepção. Ela afirma que resolveu caminhar até a área de trás do hospital para aliviar as dores na coluna. Ao chegar no local, Vanderleia diz que começou a conversar com um rapaz que passava com um parente com a perna machucada.
“Não posso passar muito tempo sentada por causa da coluna. Vi um rapaz com o irmão dele que tinha machucado a perna. Conversei com ele de boa quando os seguranças chegaram, me agarraram por trás. Falei que não era bem assim. Estou toda machucada”, afirmou.
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Agressões
Após a abordagem na parte de trás do hospital, Vanderleia diz que foi levada para parte da frente, onde foi agredida com chutes e golpes de cassetete. A autônoma relembra que haviam três seguranças e um policial penal, que estava na unidade de plantão com presos.
Segundo ela, apenas um dos seguranças não participou das agressões. “Chegou me puxando. Foram os dois seguranças e um policial penal. O pessoal de dentro do hospital não fez nada, ninguém. Perdi meus brincos, minha sandálias. Ninguém me ajudou. Estou muito chateada, estou pedindo forças para Deus. Fiquei machucada na perna, na boca e todo canto”, explicou.
Investigações
Vanderleia da Silva prestou depoimento à Polícia Civil nesta segunda (6). O delegado Ronerio Silva deve ouvir os seguranças nesta terça-feira (7) e também intimou a diretor do hospital a comparecer a delegacia.
A vítima fez exames de corpo de delito. “Está com marcas no corpo, na lateral, teve uma unha arrancada. Intimamos os seguranças para ouvi-los e saber a versão deles. Pessoal da Secretaria da Mulher do município procurou ela e prestou assistência. Não houve negligência por parte deles, mas no hospital não deram assistência para ela”, acrescentou.
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O delegado revelou que foi informado sobre a existência de imagens de outros ângulos que mostram a mulher sendo agredida por outro servidor. “Já pedi essas imagens. Ela diz que tinha outra pessoa batendo nela. Estou acompanhando tudo com o Ministério Público. Estão acompanhando”, pontuou.