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quinta-feira, dezembro 5, 2024

Aeronáutica suspende investigação de avião que caiu em rio no Acre

Por Redação O Juruá em Tempo.

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As investigações do acidente aéreo envolvendo um avião de matrícula PT-DFX, ocorrido em 20 de maio no município de Tarauacá, no interior do Acre, foram interrompidas. A informação foi fornecida pelo Centro de Comunicação Social da Aeronáutica ao ac24horas.

“Em razão de, no presente evento, ter sido considerada ao menos uma das hipóteses elencadas acima, a ocorrência envolvendo a aeronave de matrícula PT-DFX, no município de Tarauacá (AC), no dia 20 de maio de 2024, foi encerrada sem o desenvolvimento de uma investigação SIPAER. Dessa forma, não haverá a emissão de um Relatório Final”, informou o Centro de Comunicação à reportagem do ac24horas.

De acordo com as informações concedidas, o Decreto n° 9.540/2018 – que regula o funcionamento do Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos – SIPAER, a autoridade de investigação tem liberdade para decidir pela não instauração ou pela interrupção das investigações em andamento nas hipóteses em que “for constatado ato ilícito doloso relacionado à causalidade do sinistro” ou “se a investigação não trouxer proveito à prevenção de novos acidentes ou incidentes aeronáuticos”.

Como aconteceu o acidente:

O avião de pequeno porte havia saído de Jordão, e caiu no rio Tarauacá, próximo à fazenda Santa Luzia, a poucos minutos do aeroporto de destino. Os ocupantes eram o piloto Pedro Rodrigues; Wesley Evangelista Lopes (contratante do voo) e Genésio Rodrigues de Olinda.

Segundo informações de um dos ocupantes, Genésio, que foi socorrido por populares e levado ao hospital com uma fratura no nariz, os responsáveis pelo voo não permitiram registrar o momento. “[Depois do acidente] eles não queriam que ninguém filmasse e nem tirasse foto. Como eu estava sangrando, tive que ser levado pelos moradores mesmo antes da chegada dos bombeiros”, explicou.

Ele afirmou ainda que viajou sentado em uma dos assentos do avião, enquanto o copiloto, que seria Wesley, viajava sentado no assoalho. Genésio, é morador do Jordão e pagou R$ 300 ao piloto da aeronave pela viagem até Tarauacá, onde passaria por uma perícia médica.

Em contrapartida, o piloto Pedro Rodrigues relatou ao ac24horas que viajava sozinho com Wesley, que também é piloto. “Nunca vi ele, ele se machucou lá, tanto é que botaram ele num barco e ele foi pro hospital”, pontuou. De acordo com ele, Genésio passava na hora do acidente no rio e deve ter se machucado ao mergulhar na água para auxiliar no resgate.

Já, o contratante do voo, Wesley Evangelista, foi investigando, sendo constatado que ele foi o responsável por coordenar uma operação milionária de tráfico internacional de drogas que buscou entorpecentes das mãos de – segundo uma testemunha ocular – guerrilheiros das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) na Venezuela, em 2018, segundo informações Ministério Público Federal em Tefé, no Amazonas.

A ação criminosa não obteve sucesso, pois os policiais militares no pequeno município de Carauari, no Amazonas, descobriram o esquema ao notar a presença de forasteiros na cidade, sendo possível capturar o avião com 458 kg de cocaína durante uma parada técnica no município amazonense.

Nesta ocasião, Wesley acompanhava toda a operação por ligações de um telefone via satélite. Um dos criminosos presos na operação liderada por Wesley, conta que foram surpreendidos com a presença dos militares ao pararem para abastecer.

“Ao chegarem na Venezuela, EDWIN (um dos presos na operação) relatou que foram recepcionados por diversos indivíduos de nacionalidade colombiana, fortemente armados, fazendo uso de uniformes, que aparentavam ser guerrilheiros das FARC, os quais os conduziram para um acampamento na selva. Já com o carregamento de drogas no avião, partiram para a Bolívia, porém tiveram que parar em Carauari para reabastecer, quando foram surpreendidos por policiais militares que logo localizaram a droga e efetuaram a prisão”, diz um documento produzido e juntado aos autos do processo pelo Ministério Público Federal, que menciona um trecho do testemunho de um dos criminosos.

Diante do cenário, Evangelista foi condenado à prisão por 10 anos, 9 meses e 9 dias, em 24/11/2020. O homem foi encontrado em agosto de 2019, sob acusação de liderar um esquema criminoso que funcionava da seguinte maneira: Wesley comprava aviões para o transporte de drogas, colocava esses aviões em nome de terceiros (laranjas) para ter o seu próprio nome afastado das consequências do crime. Durante a operação que o prendeu no sul da Bahia, que contou com a Companhia de Independente de Policiamento Especializado (Cipe) Mata Atlântica, 88ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM) e a Polícia Federal, 7 aviões e 1 helicóptero foram apreendidos.

Ainda sobre a prisão, o magistrado do caso ressaltou que o condenado não possui direito à substituição da pena por restritiva de direitos, por ausência de requisitos. Menos de 4 anos depois da condenação, o condenado está em liberdade.

Em relação ao acidente aéreo, o piloto afirmou que não conhecia o passado criminoso do colega de profissão. “O que eu sei é que ele me contratou para fazer um planejamento e depois para fazer o voo. Esse negócio desse passado dele só fui descobrir hoje [quarta-feira, 22 de maio], não aceitaria fazer coisa errada e muito menos voar fora de padrão. Sou especialista em segurança de voo, foram anos de investimento e não iria jogar tudo fora assim”, destacou.

Evangelista foi procurado para falar na condição de vítima de acidente aéreo, mas não foi encontrado. O ac24horas entrou em contato com a advogada de defesa de Wesley Evangelista no processo que obtiveram acesso, mas ela disse não trabalhar mais no caso e nem conhecer o atual contato do ex-cliente.

Dessa forma, o delegado titular da Delegacia de Polícia Civil de Tarauacá, Ronério Silva, suspeita que o voo poderia ser uma avaliação de viabilidade para o estabelecimento de uma nova rota do tráfico de drogas.

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