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sábado, dezembro 7, 2024

Autor de atentado na Praça dos Três Poderes pretendia matar Alexandre de Moraes, diz ex-mulher

Por Isto É.

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Em depoimento à PF (Polícia Federal), a ex-companheira de Francisco Wanderley Luiz, o homem-bomba que detonou dois explosivos na Praça dos Três Poderes na noite da quarta-feira, 13, relatou que o plano do homem era matar o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, era conhecido como “Tiü França” e concorreu ao cargo de vereador em Rio do Sul (SC) pelo PL nas eleições de 2020.

A ex-mulher do homem-bomba contou a agentes da PF em Santa Catarina que o principal alvo do responsável pelas explosões era Alexandre de Moraes e “quem mais estivesse junto na hora”. As informações são do programa “Conexão GloboNews”, da “GloboNews”.

No depoimento, a mulher disse que Francisco não tinha a intenção de se suicidar e só morreu após sua ação ter sido descoberta pelos seguranças da Praça dos Três Poderes. Em imagens do sistema de monitoramento, é possível ver o homem-bomba se deitando em cima de um explosivo após ser abordado por agentes.

Relembre o caso

Por volta de 19h30 de quarta-feira (13/11), uma explosão destruiu o porta-malas de um veículo estacionado no Anexo IV da Câmara dos Deputados, em Brasília. Vinte segundos depois, uma segunda explosão foi ouvida na Praça dos Três Poderes, em frente à sede do Supremo Tribunal Federal.

No porta-malas do veículo danificado foram encontrados tijolos, madeira e fogos de artificio. Bombeiros apagaram as chamas e a fumaça.

Mas rapidamente ficou claro que a segunda explosão havia deixado uma vítima. O corpo de um homem foi encontrado deitado na praça. Ele estava vestido com terno verde com símbolos de cartas de baralho, no que pareceu uma alusão ao personagem de HQs Coringa, que nos últimos anos foi adotado como símbolo por radicais antissistema depois do lançamento do filme Coringa em 2019.

A polícia também apontou que o corpo era do autor dos ataques. Segundo boletim policial, um segurança do STF contou que o homem se deitou deliberadamente sobre a bomba antes da detonação.

De acordo com a polícia e relatos de testemunhas, o homem havia tentado entrar sem sucesso no STF. Depois, quando um segurança se aproximou, ele jogou explosivos na marquise do edifício e mostrou outros artefatos.

O segurança do STF disse que o homem carregava uma mochila e mostrou algo semelhante a um relógio digital, que parecia acoplado a uma bomba. Após lançar outros artefatos, ele se deitou no chão e acionou o explosivo junto à nuca, morrendo na detonação.
A Polícia Civil do Distrito Federal classificou o episódio como um “autoextermínio com explosivo”.

O homem que morreu na segunda explosão foi identificado pela polícia como Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, um chaveiro também conhecido como “Tiü França”. O carro que explodiu, com placa da cidade catarinense de Rio do Sul, também estava registrado no seu nome.

Em Rio do Sul, Wanderley Luiz foi candidato a vereador pelo PL (atual partido do ex-presidente Jair Bolsonaro) nas eleições municipais de 2020, mas não se elegeu, recebendo apenas 98 votos no pleito. Até o momento, não foram encontradas condenações ou processos que envolvam seu nome.

Segundo o canal Globonews, Wanderley Luiz havia alugado uma casa em Ceilândia, nos arredores de Brasília. Após as explosões, policiais fizeram buscas no local e encontraram diversos artefatos explosivos.

Redes sociais atribuídas a Wanderley Luiz que agora se encontram fora do ar continham diversas publicações que indicam um perfil de radicalização de extrema direita, com ataques a “comunistas”, mensagens de cunho religioso e contra o Judiciário. As mensagens são essencialmente capturas de telas de textos que Wanderley Luiz teria mandado para si mesmo no Whatsapp e depois publicado na sua conta no Facebook.

Ele também anunciou previamente em dezenas de mensagens que pretendia executar algum tipo de ataque. “Polícia Federal, vocês têm 72 horas para desarmar a bomba que está na casa dos comunistas”, escreveu o homem, antes de citar nomes de políticos como José Sarney, Geraldo Alckmin e Fernando Henrique Cardoso.

Em outras mensagens, ele pareceu expressar a vontade de se tornar um mártir. “Não chores por mim! Soria!!! (sic) Entrego minha vida para que as crianças cresçam com liberdade”, escreveu.

No Boletim de Ocorrência, a Polícia Civil faz menção às mensagens e constata que elas haviam “manifestando previamente a intenção do autor em praticar o autoextermínio e o atentado a bomba contra pessoas e instituições”.

Wanderley Luiz também publicou uma foto em que aparece no interior do plenário do STF, com a mensagem “deixaram a raposa entrar no galinheiro”. Segundo o site Poder360, Wanderley Luiz esteve no STF em 24 de agosto, durante uma visitação pública, ocasião em que fotografia foi feita.

Na rede X, onde aparentemente também tinha um perfil de usuário, Wanderley Luiz também compartilhava mensagens de cunho religioso. Ele também publicou um vídeo que mostrava o republicano Donald Trump num comício nos EUA.

Wanderley Luiz também teria circulado pelo anexo 4 da Câmara dos Deputados durante o dia, antes do ataque, segundo o chefe de segurança da Casa. O local abriga gabinetes de parlamentares e a entrada no prédio é liberada.

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, o deputado federal bolsonarista Jorge Goetten (Republicanos-SC) disse que conhecia Wanderley Luiz e que se encontrou com ele em agosto, na mesma época em que o chaveiro visitou o STF.

Em uma mensagem enviada num grupo de Whatsapp, o deputado contou que conhecia Wanderley Luiz e sua família e que o chaveiro “realmente aparentava severos problemas mentais”. Ao jornal, ele disse que “no ano passado, comentei no gabinete que tinha achado ele meio estranho, emocionalmente abalado. Ele falava muito da separação dele. Ele me pareceu meio abalado”.

*Com informações da Deutsche Welle

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