O novo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), iniciou sua gestão com uma decisão drástica: a exoneração de 465 servidores que ocupavam cargos em comissão na Casa. A medida foi oficializada por meio de publicação no Diário Oficial da União na última sexta-feira (7), pegando muitos dos afetados de surpresa.
A decisão repercutiu entre os servidores e parlamentares, sobretudo pela falta de aviso prévio. Os funcionários dispensados, que ocupavam cargos de assistente técnico de Gabinete e assessor técnico-adjunto, não receberam qualquer comunicação formal antes da exoneração, nem mesmo dos deputados que os indicaram para os postos.
Apesar do impacto imediato, parlamentares minimizaram a situação, argumentando que exonerações em massa são comuns quando uma nova gestão assume a presidência da Câmara. Muitos esperam que, após a reestruturação da Mesa Diretora, possa haver novas nomeações para recompor os cargos.
Os cargos em questão são de natureza especial (CNEs) e desempenham funções essenciais de assessoramento à Mesa Diretora, lideranças partidárias, comissões, Procuradoria Parlamentar, Ouvidoria Parlamentar, Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, além de outros órgãos administrativos da Casa. Por possuírem salários elevados, esses postos são altamente cobiçados por parlamentares, o que gera intensa disputa por sua ocupação.
Um início de gestão marcado por mudanças
Hugo Motta foi eleito presidente da Câmara dos Deputados com 444 votos e permanecerá no cargo até 2027. Aos 35 anos, ele se tornou o presidente mais jovem da história da Casa. Médico de formação, ingressou na política cedo e, em 2010, aos 21 anos, já havia sido eleito deputado federal pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB).
Em 2019, durante a janela partidária, Motta migrou para o Republicanos, onde ganhou destaque e chegou a liderar a bancada. Ao longo dos anos, manteve relações políticas próximas com figuras influentes como Eduardo Cunha, Rodrigo Maia e Arthur Lira, ex-presidente da Casa. Sua postura discreta, pouco midiática e focada em articulações de bastidor faz com que sua gestão seja acompanhada com atenção por analistas políticos.
A exoneração em massa dos servidores pode indicar uma estratégia para reorganizar os quadros da Câmara de acordo com novos alinhamentos políticos. A próxima etapa será a reestruturação da Mesa Diretora, momento em que os parlamentares deverão negociar novamente a ocupação dos cargos em comissão.
Repercussão e expectativas
Para muitos analistas, a decisão de Hugo Motta sinaliza um desejo de marcar sua gestão com mudanças significativas desde o início. A exoneração de servidores, além de ser um movimento comum na transição de gestões, também pode servir para ampliar sua influência dentro da Câmara, redistribuindo os cargos conforme seus interesses políticos.
Por outro lado, o desligamento repentino de tantos servidores pode gerar descontentamento e atritos nos bastidores. Parlamentares que perderam indicações podem pressionar por novas nomeações e cobrar mais espaço na gestão de Motta.
Nos próximos dias, a atenção estará voltada para as decisões do novo presidente da Câmara, especialmente sobre quais nomes serão escolhidos para ocupar os cargos estratégicos dentro da Casa. A movimentação política promete continuar intensa nos bastidores do Legislativo.

