Há pessoas que, mesmo crianças, têm um coração maior que o de muita gente. É o caso do pequeno Rafael Cavalcante, que mora em Brasiléia e que, no último domingo, 16, completou 9 anos e, como presente, doou os cabelos que nunca havia cortado às crianças em tratamento contra o câncer.
A GAZETA conversou com a mãe de Rafael, Maria Hilda, que contou um pouco da história, reforçando que, mais que um filho, Rafael é um presente. É que Maria Hilda, quando engravidou do garotinho, tinha 39 anos, uma gravidez não planejada.
“Com 40 anos, tive ele. Foi uma gravidez muito difícil, mas com a ajuda de Deus, deu tudo certo, e Rafael nasceu saudável, muito cabeludo. Resolvi deixar o cabelo dele crescer, sem planejamento de nada, mas, aos cinco anos, sempre assistíamos na televisão aquelas crianças do Hospital do Câncer. Ele sempre perguntava por que elas eram carequinhas”, explicou Maria Hilda.
A mãe explicou ao menino que se tratava de um tratamento para o câncer, mas que elas seriam ajudadas por “Papai do Céu”. “Aí surgiu a ideia de deixar prolongar o crescimento do cabelo dele, crescer mais para fazer a doação ao Hospital do Câncer. E esse propósito se cumpriu ontem”, reafirmou Maria.
O rapazinho fez o corte na última segunda-feira, 17, e segundo a mãe, chegou a sofrer preconceito na escola. “As outras crianças chamavam ele de “mulher” só por ele ter o cabelo grande, mas, mesmo assim, ele não desistiu e nem nós desistimos do propósito de ele ajudar o seu próximo. Eu sempre expliquei para ele que ele estaria fazendo o bem, que ele não era mulher e que, mais para frente, ele ia fazer o bem para outras crianças”.
Maria se diz uma mãe feliz e agraciada por Deus por ter um filho que ela mesmo classifica como “maravilhoso”. “Ele é muito carinhoso comigo, inteligente, teve essa bondade. Nem toda criança gosta de cabelo grande, mas ele ficou com o cabelo grande até os seus nove anos; assim que ele chegou em casa e disse pro pai dele que realizou o sonho dele de ter feito essa boa ação, eu vi que sou muito feliz por ter meus filhos. O Rafael não foi planejado, mas foi uma benção de Deus”.
A história de Maria Hilda é difícil. O primogênito, de 18 anos, faleceu e, neste período, a mãe sofria com a perda do filho. “Fiz uma visita a uma igreja e, lá, Deus me revelou que teria um filho, um homem. Com 39 anos, engravidei”.
Há crianças que, mesmo crianças, têm um coração de gente grande. Gonzaguinha dizia que ficava com a pureza da resposta das crianças, mas foi Rafael quem enfatizou que a vida é bonita, é bonita e é bonita.