Mais uma denúncia de descaso envolvendo os serviços da empresa de transporte intermunicipal Trans Acreana veio à tona nesta semana. Passageiros relataram momentos de tensão e insegurança durante uma viagem que saiu de Cruzeiro do Sul com destino a Rio Branco, na última segunda-feira (19). O ônibus apresentou problemas mecânicos graves e chegou à capital apenas no fim da tarde de terça-feira (20), totalizando quase 24 horas de viagem.
De acordo com uma das passageiras, o problema começou ainda nas primeiras horas do trajeto. O veículo já dava sinais de falha no eixo, o que comprometeu a estabilidade e a segurança. “O ônibus fazia um barulho estranho, parecia que a roda ia cair. Tinha hora que dava cheiro de pneu queimado. Meu filho chegou a gritar achando que o ônibus estava pegando fogo”, contou.
A situação se agravou ao chegar em Feijó, quando a empresa decidiu transferir parte dos passageiros para outro ônibus, deixando no veículo com defeito apenas pessoas com crianças e idosos, com o objetivo de reduzir o peso. Segundo o relato, o motorista tentava manobrar o ônibus para frente e para trás na tentativa de fazer o eixo voltar ao lugar.
A viagem seguiu até Manoel Urbano, onde o grupo fez uma breve parada para o café da manhã. No entanto, como o ônibus reserva seguiu viagem com passageiros em pé, parte deles decidiu retornar para o veículo com defeito, que tinha assentos disponíveis. “Disseram que iam mandar outro ônibus buscar a gente, mas ele nunca apareceu”, relatou a passageira.
A longa e desgastante viagem foi marcada por preocupações com a saúde de alguns passageiros. “Tinha uma senhora com insulina guardada na geleira. A gente ficou com medo de estragar. E também tinham crianças autistas e pessoas que estavam indo para consultas pelo TFD. Muita gente perdeu compromissos por causa disso”, denunciou.
Apesar de a viagem ter coincidido com o dia de uma manifestação na estrada, o grupo não foi impedido de passar. Segundo a passageira, a liberação ocorreu devido à presença de idosos e crianças no ônibus. “Se não fosse isso, acho que nem teríamos chegado em casa ainda”, desabafou.
Os passageiros criticam a falta de manutenção preventiva da frota. “Esse ônibus começou a dar problema ainda cedo, na primeira parada para o jantar. Quando chegou em Feijó, foi a gota d’água. Parece que eles não fazem o reparo dos ônibus antes de colocar na estrada.”
Até o momento, a Trans Acreana não se pronunciou sobre o novo episódio. Passageiros esperam providências urgentes por parte da empresa e dos órgãos responsáveis pela fiscalização do transporte intermunicipal no Acre.

